PLEITO DE 2014 PARECE UM “BACANAL ELEITORAL”

O povo não sabe quem é quem. O que tem importado hoje, o que tem sido fundamental, é o tempo de propaganda eleitoral gratuita.


VONEY MALTA

Qualquer cidadão com um mínimo de noção de ética está estupefato com o que vem acontecendo nas decisões dos partidos sobre quem vão apoiar. Olhando de primeira fica difícil entender com quem a sigla estava, está e se vai ficar até o prazo final da entrega da ata da convenção, no início de julho. A frase "Bacanal Eleitoral" foi criada pelo prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB). Ele não se referia apenas ao fato de o seu partido estar se aliando ao PSDB e ao DEM do ex-prefeito carioca, César Maia. Referia-se, também, ao caso do PSB de Eduardo Campos, que firmou uma aliança com o PT do candidato ao governo fluminense, Lindberg Farias, indicando o deputado federal Romário para disputar o Senado Federal. 

Ou seja, no Rio, de acordo com as coligações, no mesmo palanque vai se pedir voto pra Dilma e Campos, noutro pra Aécio e Dilma. Esse "Bacanal Eleitoral" se estende pra maioria dos estados, o que estimula a vigarice eleitoral, o salvem-se quem puder e não a importância do partido, as suas ideias e ideais. A origem desse absurdo foi o próprio parlamento brasileiro ao sepultar, em 2006, a verticalização das coligações. Verticalização significa que os partidos políticos ficavam obrigados a reproduzir nas eleições estaduais as mesmas alianças feitas para a eleição presidencial. Ou seja, é uma forma de fidelidade partidária, uma vez que a aliança nacional é definida pelos representantes do partido, os convencionais, de todos os estados onde há diretório. A realidade atual é tão fora de lógica que um candidato comete um crime ao dar a um eleitor uma caneta, mas não é crime exigir um ministério para firmar uma coligação, como ocorreu com o PR há poucos dias, publicamente, ao exigir esse espaço à presidente Dilma. 

Mesmo assim os demais membros do partido podem apoiar outra candidatura. Por conta da fidelidade partidária – obrigação que os políticos devem ter com o seu partido – o detentor de cargo eletivo não pode se desvincular do partido pelo qual foi eleito. Caso o faça sem justificativa legal, pode perder o mandato. Entretanto, pode votar em quem quiser, fazer o que quiser, o que só enfraquece os partidos e a visão do povo sobre os seus representantes. Agora com o aprofundamento do "Bacanal Eleitoral" só restam dois caminhos para que a credibilidade seja resgatada: acabar com todos os partidos e começar do zero, ou acabar com a fidelidade partidária. 

O povo não sabe quem é quem. O que tem importado hoje, o que tem sido fundamental, é o tempo de propaganda eleitoral gratuita. Não identificar e não confiar com clareza nos partidos políticos é um grande risco para o País. O povo perde a confiança na classe política. Tal descrença abre imenso espaço para o surgimento de aventureiros e diminui o tamanho do papel que o político exerce na sociedade. Para encerrar, aqui em Alagoas - mais um exemplo para ilustrar o bacanal - no palanque do senador Biu de Lira (PP) também vão ser pedidos votos pra Dilma, pra Aécio – caso Omar Coêlho seja confirmado ao Senado– e para Eduardo Campos pelo vice Alexandre Toledo.

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