Empresas ameaçam demitir rodoviários grevistas por justa causa

Grupo de 250 dissidentes do sindicato decide pela terceira paralisação neste mês.


PAULO CAPPELLI

Rio - Rodoviários decidiram parar de novo os ônibus no Rio por 24 horas. O movimento começou no primeiro minuto de hoje, como ficou acertado em assembleia que reuniu cerca de 250 dissidentes do sindicato da categoria (Sintraturb), na Candelária. A Rio Ônibus (associação das empresas) informou que os grevistas serão descontados pelo dia não trabalhado e podem ser demitidos por justa causa. 

Desde o início do mês, rodoviários já cruzaram os braços por três dias. Na última paralisação, que durou 48 horas (em 13 e 14 de maio), a Justiça decretou a greve ilegal e determinou que os quatro principais líderes do movimento não participassem de atos para promover a greve. O mesmo grupo, no entanto, organizou a assembleia de ontem e marcou novo encontro, na sexta, para discutir possível paralisação na segunda-feira, para quando está marcada a abertura do BRT Transcarioca para a população — um dia antes, deve ocorrer a cerimônia de inauguração simbólica do corredor expresso, com a presença da presidenta Dilma Rousseff.

Na assembleia de ontem, houve um momento de tensão. Alguns grevistas cercaram Antônio Bustamante, secretário-geral do Sintraturb, pedindo que ele subisse no carro de som e se pronunciasse. Não houve agressão, mas policiais militares intervieram para levar Bustamante a um local afastado de onde era realizada a assembleia. “O Sintraturb não vai rever a posição, mas buscamos o diálogo com grupo de dissidentes para explicar o acordo. Acredito que os líderes do movimento usam os trabalhadores como massa de manobra para fins políticos.”


Os grevistas pedem reajuste salarial superior ao que foi acordado pelo Sintraturb em abril, além de exigirem o fim da dupla função de motorista e cobrador. “Aceitamos até negociar um aumento menor do que os 40% que pedimos antes, mas não abrimos mão do fim da dupla função”, afirmou Hélio Teodoro, um dos líderes.

A decisão de greve foi tomada após audiência no Ministério Público do Trabalho sobre o processo em que os grevistas contestam a legitimidade da assembleia do Sintraturb que aprovou o acordo salarial. O Sintraturb afirmou, em nota, que não foi procurado pelo grupo para renegociar o aumento. Também em nota, a Rio Ônibus afirma que só negocia com o representante legal dos rodoviários, que é o sindicato, e considera a paralisação uma afronta à Justiça.

Niterói decide hoje se vai cruzar os braços.
Em Niterói, dissidentes do Sintronac (sindicato que representa legalmente a categoria) chegaram a cogitar aderir à greve, mas optaram por realizar assembleia hoje às 15h para definir as próximas ações. “O objetivo é dar um ultimato nos sindicatos patronal e dos trabalhadores. Mas eu duvido muito que isso vá ter efeito. Certamente, vamos decretar greve de 24 horas a partir do primeiro minuto desta quinta-feira”, disse o líder do movimento Marcos Zaca, de 43 anos, que trabalha há 12 na viação Rio Ita. O encontro será no Terminal de Niterói, às 15h.


No Rio, para minimizar os impactos à população hoje, a Secretaria Municipal de Transportes anunciou um plano de contingência. Entre as medidas, está o reforço das linhas de ônibus que fazem integração com trens, metrô e barcas, e das que circulam em regiões atendidas exclusivamente pelos ônibus, como foi feito na greve dos dias 13 e 14 de maio. Nos trens, a operação de horário de pico (com capacidade máxima) foi antecipada em 90 minutos: a partir de 4h30. O funcionamento começa às 4h. O metrô antecipou a operação com 100% da capacidade em 60 minutos, para 5h30. O horário de abertura do sistema está mantido para 5h. A Polícia Militar informou que reforçará o patrulhamento na saída das garagens dos quatro consórcios e nas estações do corredor BRT Transoeste.

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