Empregado de Paulo Malhães confessa ter planejado com irmãos assalto a sítio

Além dos irmãos Teles, há um quarto homem, que estava de capuz e luvas, que participou do assalto, mas ainda não foi identificado pela polícia.


JULIANA DAL PIVA

Rio - Os delegados da Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense prenderam ontem um dos acusados na morte do coronel reformado do Exército Paulo Malhães na quinta-feira. O caseiro do sítio, Rogério Pires Teles, 28 anos, confessou ter participado do assalto com dois irmãos: Anderson Pires Teles e Rodrigo Pires. Os dois estão foragidos. Em Brasília, a Comissão de Direitos Humanos do Senado aprovou um requerimento que criou uma comissão para acompanhar as investigações do caso. Farão parte do grupo os senadores Randolfe Rodrigues (Psol-AP), João Capiberibe (PSB-AP) e Ana Rita (PT-ES). Os três não acreditam na tese de crime de latrocínio.

O senador Randolfe Rodrigues defende também que é necessário investigar mais a informação publicada na edição do DIA ontem que mostra que o site do coronel reformado Carlos Alberto Brilhante Ustra publicou a notícia da morte do coronel 31 minutos antes da primeira notícia sobre a morte na imprensa. “Isso só reforça a necessidade de que essa investigação seja mais rigorosa” disse Rodrigues. De acordo com o titular da Divisão de Homicídios da Baixada Fluminense, Pedro Medina, e um dos responsáveis pelo inquérito, William Pena Júnior, o caseiro caiu em contradição durante os três depoimentos prestados desde a última sexta-feira. “A casa tem muitos cômodos. Uma hora no depoimento ele dizia que estava no quarto, no outro momento dizia que estava na sala”, afirmou, Pena Júnior.

Ele foi preso na manhã de ontem após ter a prisão preventiva decretada. Teles foi funcionário de Paulo Malhães durante sete anos, mas foi demitido de maneira consensual seis meses atrás. Há cerca de um mês voltou a trabalhar no sítio já pensando no crime. As investigações mostram que o papel do caseiro foi fornecer as informações sobre a rotina do casal e sobre a existência das armas na casa. Os delegados disseram também que ainda continuam apurando a motivação do crime, mas a linha de latrocínio é a mais concreta. “A cena do crime já mostrava um crime patrimonial”, afirmou Pena Júnior.

Além dos irmãos Teles, há um quarto homem, que estava de capuz e luvas, que participou do assalto, mas ainda não foi identificado pela polícia. Até a noite de ontem os três permaneciam foragidos. A polícia informou que eles não tinham perfil de criminosos profissionais e apenas um tinha antecedentes criminais, com passagem na polícia por estupro. Os delegados disseram que, ao confessar a participação, o caseiro alegou que não havia intenção de matar. Em março, o coronel Paulo Malhães confessou ao DIA que participara de uma missão para ocultar o ossada do ex-deputado federal Rubens Paiva, em 1973.


Para a CNV foi um atentado
A Comissão Nacional da Verdade divulgou ontem o relatório preliminar sobre o caso do Riocentro, em que um militar morreu e outro ficou ferido em 30 de abril de 1981 na explosão de uma bomba num carro no estacionamento durante um show. Segundo o coordenador da CNV, Pedro Dallari, as investigações concluíram que militares recorreram a atentados como política de Estado, e o do Riocentro foi uma “ação articulada” do Estado. Dallari afirmou que documentos recolhidos pela Comissão demonstram que o atentado [DO RIOCENTRO] foi uma ação articulada. “A mesma estrutura que nos anos 1970 usou como política de Estado a tortura e o extermínio de pessoas, nos anos 1980 patrocinou atentados a bomba. Foram pelo menos 40”, disse ele.

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