JOSIAS: ANIVERSÁRIO DO REAL VIROU FESTA PARTIDÁRIA

Colunista político escreve que "um detalhe estragou a festa" que celebrou, em sessão no Senado, os 20 anos da moeda; "Urdida pelo senador Aécio Neves com propósitos eleitorais, a coisa virou uma celebração partidária. O Real merecia mais", diz Josias de Souza.




247 – O momento de comemoração dos 20 anos do Plano Real "reclamava uma grandeza apartidária", escreve o jornalista Josias de Souza, em seu blog no UOL. Segundo ele, este foi o detalhe que "estragou a festa", comemorada em sessão no Senado nesta terça-feira 26. "Urdida pelo senador Aécio Neves com propósitos eleitorais, a coisa virou uma celebração partidária. O Real merecia mais", diz.

Sobre o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Josias diz que "foi resgatado do 'exílio' político que o próprio PSDB lhe havia imposto" e, como protagonista merecido da festa, "também cometeu o equívoco de injetar 2014 no pronunciamento feito em plenário", discursando que o Brasil precisa de "sangue novo" no poder. O público "talvez preferisse ouvir de FHC outro discurso", analisa Josias.

"Por que os sábios da política brasileira não conseguem celebrar sem maniqueísmos as poucas coisas que deram certo no país? Daqui a 20 anos saberemos. Ou talvez não", escreve o jornalista. 

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Aniversário do Real virou festa partidária. Pena!


Josias de Souza

Sempre que alguém diz que o Brasil está dando certo é preciso combinar o que é ‘dar certo’. Para chegar a algum tipo de acordo, a primeira condição é falar a mesma língua. O problema é que, escolhidos os índices e definidos os critérios, o país costuma se dar conta de que sua maior crise é de semântica. “Certo'' se mede no número de automóveis em circulação ou na quantidade de horas perdidas no trânsito? Os protestos de rua são provas de que a democracia brasileira deu certo ou são evidências de um país que dá cada vez mais errado?

Num cenário assim, tão volúvel e controverso, a mania do ser humano de dividir a história em eras é muito útil. Ajuda a organizar a caminhada. Caminha-se para a frente sem perder a compreensão do que ficou para trás. Há duas décadas, quando foi lançado o Plano Real, ninguém gritou ‘Oba, começou a estabilidade da moeda’. Hoje, o Real é uma dessas raras iniciativas que a posteridade, seletiva senhora, cuida de classificar como algo que deu certo. E ninguém ousa questionar. Sob pena de passar por idiota.

Nesta terça-feira (25), o aniversário de 20 anos do Plano Real foi festejado no Congresso Nacional. Bom, muito bom, ótimo. Um detalhe, porém, estragou a festa. Urdida pelo senador Aécio Neves com propósitos eleitorais, a coisa virou uma celebração partidária. O Real merecia mais. Ao discursar, Aécio pareceu mais preocupado em espinafrar o PT do que em cultuar a moeda. A ocasião exigia mais grandeza.

Quatro sucessões presidenciais depois de ter deixado o Planalto, FHC foi resgatado do “exílio'' político que o próprio PSDB lhe havia imposto. Guindado merecidamente à condição de protagonista da festa, o ex-presidente, merecedor de todas as reverências, também cometeu o equívoco de injetar 2014 no pronunciamento feito em plenário: “Está na hora, o Brasil está precisando de ar novo, sangue novo.” Mesmo quem enxerga benefícios na alternância do poder -em Brasília ou em São Paulo- talvez preferisse ouvir de FHC outro discurso. O momento reclamava uma grandeza apartidária.

Ausente do plenário, o PT respondeu à festa com artilharia retórica. Por que os sábios da política brasileira não conseguem celebrar sem maniqueísmos as poucas coisas que deram certo no país? Daqui a 20 anos saberemos. Ou talvez não.

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