Escritório de Jefferson é posto à venda para arrecadar dinheiro para a multa

Condenado a sete anos, Roberto Jefferson foi levado para instituto penal em Niterói, onde cumprirá pena em regime semiaberto.


GABRIEL SABÓIA

Rio - Apesar do discurso de conformidade com a prisão, Roberto Jefferson não disfarça a preocupação. De acordo com o ex-parlamentar, em paralelo à campanha de arrecadação dos R$ 720 mil determinados pelo Supremo Tribunal Federal para pagar a multa, (dinheiro que viria de colegas de partido, eleitores e simpatizantes políticos), seu escritório já estaria colocado à venda.

“Preciso me desfazer de alguns bens. Simplesmente não tenho este dinheiro”, disse. No domingo, um homem foi à porta da residência e doou R$ 100 pessoalmente. Entre os doadores estão também a filha Cristiane Brasil, secretária municipal de Envelhecimento e Qualidade de Vida do Rio de Janeiro, e o senador Fernando Collor (PTB-AL). Apesar de confiar na liberdade, ele ainda se mostrava reticente em relação ao seu futuro político. “Sempre pratiquei o bem. Fui eleito seis vezes. Ainda não tenho emprego para ocupar, como o José Dirceu, e também ainda não sei qual o futuro da minha vida pública. Agora terei tempo para pensar”, se conformou o delator do Mensalão.

Cadeia é a moral da história para o delator do Mensalão
O relógio marcava 12h21 de ontem, quando o ex-deputado e delator do esquema do Mensalão, Roberto Jefferson, recebeu o já aguardado mandado com ordem de prisão expedido pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Condenado a sete anos e 14 dias de reclusão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro pelo recebimento de R$ 4,5 milhões, ele deixou a residência onde mora, em Levy Gasparian, a 114 Km do Rio, perto de três Rios, às 14h, acompanhado de agentes da Polícia Federal. Jefferson foi levado ao Instituto Penal Coronel PM Francisoc Spargoli, em Niterói, onde já cumpre pena em regime semiaberto.

Aparentemente calmo, ele disse não se arrepender do envolvimento no esquema e mostrou acreditar que o Mensalão mudou os rumos da política brasileira. “As pessoas se preocupam mais. E os políticos, consequentemente, fiscalizam mais. Estou saindo de cabeça em pé, pela porta da frente. Trata-se do curso natural da vida. Por enquanto, saio de cena”, afirmou ao lado da esposa, Ana Lúcia. 

Apesar do discurso firme, ele confessou ter tido dificuldades para dormir desde sexta-feira, quando o STF determinou a prisão e uma viatura da PF passou a fazer plantão na porta de sua casa, à espera do documento. A angústia era tanta que Jefferson permitiu que o termo fosse impresso em casa, para ser assinado rapidamente. Antes de chegar ao instituto penal, o ex-parlamentar fez três escalas. Primeiramente, no Instituto Médico Legal, passou por exame de corpo de delito. De lá, foi levado para o Instituto Ary Franco, em Água Santa, principal porta de entrada no sistema prisional carioca. Jefferson, que chegou a alegar ter saúde debilitada e necessitar de alimentação específica para cumprir prisão domiciliar (negada após análise de uma junta médica e do Tribunal de Justiça ter informado que havia presídios aptos a recebê-lo), ainda foi submetido a exames em uma Unidade de Pronto Atendimento, em Bangu. 

“Passei por uma cirurgia bariátrica. Por isso, tomo dezenas de comprimidos diariamente. Além disso, tive dois cânceres. Preciso estar próximo dos meus médicos. Ser preso em Brasília seria uma tragédia”, garantiu. 

As últimas horas de liberdade foram aproveitadas com aquelas que ele considera suas paixões: após assistir ao jogo entre Botafogo (seu time) e Fluminense, na companhia de filhos e netos, passeou em sua moto Harley Davidson.

O 19º envolvido preso, entre 25 condenados 
Dos 25 condenados por envolvimento no Mensalão, Jefferson será o 19º preso. Dos 20 que tiveram prisões decretadas, apenas o ex-diretor de marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato, detido desde o último dia 5 na Itália, onde se refugiou, está fora do Brasil. Um pedido de extradição deverá ser feito na semana que vem. José Genoino cumpre prisão domiciliar por problemas de saúde. Outros três condenados cumprem penas alternativas, e outros dois aguardam julgamento de recursos, que devem ser convertidos em penas alternativas, como prestação de serviço e multas. 

Ao entrar no carro da PF, Jefferson disse que aproveitará o tempo em que estiver preso para ler. “Estou levando um livro dado pela minha filha, sobre a criação do mundo, e a Bíblia, que sempre tive o hábito de ler”, concluiu entre um aceno e outro.

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