'Clarín': mudanças na Venezuela causaram a "reconfiguração da América Latina"


Jornal do Brasil

O professor da Universidade Central da Venezuela, Andrés Serbin, avalia um processo de mudança que ele apelidou de "reconfiguração da América Latina e do Caribe". No seu artigo, publicado nesta quarta-feira (26/2) no jornal argentino Clarín, Serbin ressalta que nos últimos 15 anos, a Venezuela passou por uma transformação sem precedentes, com implicações regionais significativas que contribuíram para a reconfiguração política da América Latina. Ele diz que Hugo Chávez foi um dos principais arquitetos e a Venezuela teve um papel de liderança nesta reconfiguração. Mas agora, Chávez e a Venezuela não passam mais por uma crise.

Segundo o professor, o uso das receitas do petróleo permitiu o desenvolvimento de uma 'diplomacia do petróleo', que juntamente com o seu forte carisma e a sua crescente visibilidade na mídia, Chávez projetou a sua imagem a nível regional e internacional. Serbin considera que os processos contribuíram para o surgimento de um novo regionalismo latino-americano, pós-neoliberal e pós-hegemônico, enquanto o Estado, política e desenvolvimento vieram para o primeiro plano da agenda regional, enquanto os Estados Unidos e Canadá foram excluídos. E ele conclui que as aspirações políticas de Chávez não são correspondidas e, por esse motivo, o legado que ele deixou no mercado interno é cheio de contradições e pode levar a uma nova crise.

O texto diz que a desaceleração da economia, inflação galopante, perda de reservas internacionais e a dívida externa, juntamente com a escassez, crescente insegurança e um aumento significativo na corrupção, afetam a vida cotidiana dos venezuelanos. Após os protestos no país, a crise política levou a nova redefinição do mapa regional.

A crise provocou reações diversas da comunidade internacional. Enquanto a ONU, a UE, os EUA, o IS e a CIDH condenaram a violência, denunciaram também as violações dos direitos humanos e fizeram uma chamada ao diálogo, as organizações regionais, como o Mercosul, Unasul e CELAC recorreram a legitimidade democrática e estabilidade do governo Maduro, em sua tentativa de combater uma manobra aparentemente desestabilizadora. Além disso, enquanto o Brasil e o México ficaram em silêncio, a região atingida por aqueles que apoiaram o governo, alegaram que o governo Maduro usou de violência na repressão aos protestos. 

Neste contexto, o rescaldo da crise pode ter efeitos devastadores sobre o novo quadro regional, com impacto não só sobre o futuro da CELAC e outras agências, mas também sobre a política interna de alguns países. A responsabilidade das organizações regionais é crescente para promover o diálogo e restaurar a paz.

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