PM diz que 'infelizmente' não houve tempo para impedir acidente na Linha Amarela

Lamsa alega não ter condições de impedir tráfego de caminhões fora de horário. Veículo trafegou livremente em horário irregular e com caçamba levantada por 3 km na via.


AMANDA RAITER , CHRISTINA NASCIMENTO , CONSTANÇA REZENDE , FLAVIO ARAÚJO , FRANCISCO EDSON ALVES , GABRIEL SABÓIA E HERCULANO BARRETO FILHO

Rio - A responsabilidade da tragédia na Linha Amarela, onde circulam 130 mil veículos por dia, virou um ‘jogo de empurra-empurra’. A Lamsa afirmou que não tem competência para impedir a circulação de caminhões em horários proibidos na via expressa e que isso é de responsabilidade da Polícia Militar. O Batalhão de Policiamento em Vias Especiais (BPVE), por sua vez, disse que a concessionária tem o papel de fazer o alerta, por meio de monitoramento, da circulação irregular. São 51 câmeras ao longo da via. Assim, a corporação é comunicada e há a intervenção. Segundo o BPVE “infelizmente”, não foi possível fazer o alerta em dois minutos — tempo que o caminhão trafegou na Linha Amarela. Segundo o BPVE, eles aplicaram, entre 2012 e 2013, cerca de 14 mil multas em caminhões. Destas, 6.576 foram na via. Adesivo da Prefeitura do Rio teria sido retirado do caminhão após acidente. 

Tragédia matou quatro
O Rio de Janeiro parou ontem para assistir à tragédia que deixou quatro mortos e cinco feridos na Linha Amarela, na altura de Del Castilho. Um caminhão com a caçamba levantada, que circulava em um horário proibido para o trânsito deste tipo de veículo na via expressa, bateu em uma passarela de pedestres, que desabou esmagando dois carros e derrubando um motociclista. Um terceiro automóvel ainda foi atingido por destroços. O caminhão da empresa Arco da Aliança Comércio e Serviços Ltda, usado para recolher entulho e que tinha um adesivo de que estava a serviço da Prefeitura do Rio, entrou na rodovia pelo acesso 2, no Méier, e seguiu em direção à Avenida Brasil, por três quilômetros até o choque. As imagens das câmeras de segurança da concessionária Lamsa mostram que o veículo ingressou na via às 9h11 e que, 11 segundos depois, a caçamba começou a se levantar lentamente. Todo o percurso do caminhão na Linha Amarela durou 2 minutos até o acidente. Dos quatro mortos, dois estavam atravessando a passarela no momento do choque.


Celia Maria, de 64 anos, teria sido arremassada da estrutura até a pista. Já Adriano de Pontes Oliveira, 26 anos, foi jogado no Rio que fica entre os dois sentidos da Linha Amarela. Dois homens conseguiram resgatá-lo na água, mas ele não resistiu e morreu antes da chegada do socorro dos bombeiros. Alexandre Almeida, cuja idade não foi divulgada, conduzia um táxi no sentido Barra da Tijuca e morreu no local, quando seu veículo foi esmagado pela passarela. Renato Pereira Soares, 62 anos, conduzia o Palio, placa KWH 1367, que trafegava no mesmo sentido do caminhão e foi atingido em cheio pela estrutura. No Palio, estavam dois colegas de trabalho que ficaram com ferimentos graves: Glaucia Andrade, 56 anos, e Luiz Carlos Guimarães, 60 anos. 

Vídeo:  Câmera registra momento da tragédia na Linha Amarela





Outro ferido, Jairo Zenatti, de 44 anos, conduzia uma moto, que derrapou e bateu na estrutura. Ele teve fraturas no braço, coluna e lesão no pulmão, mas não corre risco de morte e nem de ficar paraplégico. Liliane De Souza Rangel, de 33, atravessava também a passarela e teve fratura na Bacia. O motorista do caminhão, Luis Fernando Costa, de 30 anos, foi hospitalizado com ferimentos graves, mas não corre risco de morrer. Ele trabalha há seis meses na empresa e disse que estava a 85 km/h. O prefeito Eduardo Paes negou que o veículo estivesse a serviço da prefeitura e afirmou que para impedir tragédias como essa é necessário uma punição mais rígida. “Há sim maneiras de se evitar uma tragédia como esta, basta punir de forma mais enfática. O motorista deveria estar desatendo em não perceber uma caçamba daquele tamanho, o que me parece impossível”, afirmou. O trânsito na via ficou fechado por sete horas, no sentido Centro, e nove, em direção à Barra.


Houve falha mecânica, diz motorista
A polícia irá investigar se houve falha mecânica no acidente na Linha Amarela, ontem de manhã. A hipótese se baseia em uma conversa informal entre o delegado Fábio Asty, da 44ª DP (Inhaúma) e o motorista Luis Fernando Costa, 30 anos, à tarde, no Hospital Lourenço Jorge, na Barra, Zona Oeste, mas só poderá ser confirmada oficialmente com a conclusão da perícia (dez dias).

“O motorista disse que só percebeu que a caçamba estava erguida na hora da colisão. Erguer a caçamba em movimento seria possível, mas demandaria uma força física muito grande. Acreditamos que pode ter ocorrido um defeito mecânico”, disse o delegado.

O tacógrafo irá verificar qual era a velocidade da carreta no momento do acidente. Com ruptura no fígado e duas costelas quebradas, o motorista só deve prestar depoimento na delegacia quando tiver alta hospitalar. Se condenado por homicídios e lesões culposas, pode pegar até 24 anos de prisão.

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