Papai Noel sua a camisa para garantir felicidade no Natal

Eles chegam a transferir a comemoração em casa com a família para o dia seguinte.


BEATRIZ SALOMÃO

Rio - Na época mais simbólica do ano para a maioria das pessoas, é hora de descansar, reunir a família e aproveitar a festa. Mas para que o espírito natalino chegue aos lares dos brasileiros, um exército de abnegados papais-noéis têm que suar a camisa para garantir a alegria dos pequenos. Aos 74 anos, Enok Pinheiro da Silveira, acostumou-se a transferir o seu Natal para o dia 26 de dezembro. “Passo os dia 24 e 25 trabalhando direto e não dá tempo de estar com a família”, diz Enok, que é pai de dez filhos e há 35 anos incorpora o bom velhinho. “Nunca tenho todos os meus filhos comigo, mas acho que esse ano consigo reunir a metade”, comemora. O Natal de Enok começa em julho, quando ele dá aulas na escola de Papais Noéis no Centro do Rio. Ator formado, sempre teve o sonho de vestir vermelho e sair por aí distribuindo presentes. O desejo virou realidade quando o pastor da igreja preparou uma surpresa e ele se fantasiou pela primeira vez. “Ser papai noel sempre foi um sonho”, contou, lembrando que a barba já era grande antes do destino natalino. “Não tiro a barba há 25 anos. São duas horas pra cuidar”, indica.

Sem decepção
A agenda atribulada de Guga Gallo, 47 anos e Papai Noel há 27, não impede que à meia-noite ele esteja em casa para cear com a família. “Fiquei triste em 1998 e 1999, quando não conseguiu passar o Natal em casa. Mas não podia decepcionar as crianças que esperavam por mim, relembra ele, que este ano programou as entregas das 15h às 21h". 

Para que tudo saia perfeito, ele tem o apoio da ‘Mamãe Noel’ Sandra França, 32 anos. “Me apaixonei por ele vendo seu trabalho com as crianças”, diz a pedagoga que ontem ajudou a distribuir presentes para crianças carentes de Niterói. Para este Papai Noel, o importante é a união. “Faço oração com as famílias, conto para crianças sobre o nascimento de Jesus e a importância de se respeitar os pais”, diz Gallo. “Natal deveria ser todo o final de semana”, brinca.


Ceia só começa na madrugada
Como saco vazio não para em pé, depois de horas enfrentando uma verdadeira maratona para entregar todos os presentes, os papais noéis se fartam nas ceias que varam a madrugada. Tudo preparado com carinho pela família que não se importa com a longa espera. A ceia de Natal na casa de Enok, só começa depois das duas da manhã. Esse ano, ele ficou emocionado com um pedido de uma criança de sete anos, no Complexo do Alemão.

“Me pediu casa, comida e uma cama para as crianças da comunidade. Aí, infelizmente, não é comigo”, lamenta ele, que sente saudades do tempo em que os jogos e aparelhos eletrônicos não dominavam o Natal. “Infelizmente, hoje as crianças não pedem mais bolinhas de gude e coisas simples. Só querem eletrônicos”, diz. Nem todos. O pequeno Micael Melo, 3 anos, filho da doméstica Welita, se emocionou com simples carrinho dado pelo papai noel Guga Gallo.


Doze horas em jejum
O que para muitos parece loucura, só olhar a ceia de Natal e não provar nada, para o papai noel Enok Pinheiro é algo absolutamente normal. Durante o expediente, quando faz visita à casa de famílias, o bom velhinho não come nem bebe nada. “Passo 12 horas de jejum. Já estou acostumado, pois fui treinado para isso”, conta, orgulhoso, o papai noel Enok Pinheiro. Para atingir essa façanha, o treinamento começa cedo. Em julho, ele intensifica a ginástica, faz dieta e exercícios de resistência. O motivo para não provar nem uma rabanada é simples. “Não posso ficar com cheiro de gordura na barba. Ela é meu instrumento de trabalho”, entrega Enok. Beber água então, nem pensar. “Imagina tirar toda hora a roupa de 12 quilos do papai noel?”, completa.

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