Núcleo dentro de hospitais ameniza a dor de crianças

Em meio a brinquedos e material de pintura, os pequenos vão contar, apenas uma vez, a agressão sexual sofrida.

Métodos para tornar menos doloroso o depoimento de crianças agredidas estão sendo implantados Foto: Divulgação
VANIA CUNHA

Rio - Numa tentativa de amenizar os danos que a violência sexual pode causar à criança ou adolescente, a polícia tomou a iniciativa de criar um núcleo dentro de hospitais, para atendimento único e imediato às vítimas desse crime. O projeto piloto deve estrear no Hospital Souza Aguiar, no Centro, em meados de fevereiro. A diferença é que a vítima só precisa contar o drama que passou uma vez: tudo será gravado em áudio e vídeo e as cópias, encaminhadas aos outros órgãos competentes. 

“É um atendimento único, onde a criança passa por todas as etapas necessárias para o processo, sem precisar repetir tudo. Isso evita a revitimização, ou seja, que a criança sofra toda a violência novamente a cada vez que tiver que lembrar dos fatos”, explica o delegado Marcello Braga Maia, da Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (DCAV).

Em princípio, o local será para atendimento apenas de casos de violência sexual, de vítimas encaminhadas tanto pelo próprio hospital, quanto por delegacias e conselhos tutelares. No Centro de Atendimento, policiais especializados, médicos e assistentes sociais vão realizar o registro do caso e encaminhar a criança para exames em um posto do Instituto Médico-Legal (IML), que ficará na sala ao lado. Em outro espaço, a vítima será ouvida por policiais e assistentes sociais. É ali que a criança falará sobre o que lhe aconteceu, sem a pressão de um depoimento formal, em ambiente de delegacia: brinquedos e materiais de pintura são o caminho para os pequenos se sentirem à vontade para contar, em detalhes, o que sofreram. A sala lúdica é inspirada na brinquedoteca recém-inaugurada na nova sede da DCAV, no Jacarezinho. Câmeras e microfones escondidos captarão áudio e vídeo, que serão encaminhados ao Ministério Público, Vara da Infância e assistentes sociais que vão cuidar da família. Tudo em um dia, sem precisar que a vítima seja encaminhada a vários locais. Segundo o delegado, a ideia é que outros núcleos sejam inaugurados ao longo do ano em hospitais da Zona Oeste e Baixada, onde há altos índices de violência contra as crianças e adolescentes.

Policiais formados em Psicologia
O primeiro Centro de Atendimento contará com quatro policiais formados em Psicologia. Outros seis já estão sendo qualificados para o atendimento especial, com policiais americanos (nos Estados Unidos existem trabalhos semelhantes) e com psicóloga do Rio Grande do Sul, primeiro estado brasileiro a adotar o sistema. A Polícia Civil também está firmando um termo de cooperação com o Ministério Público e a Secretaria Municipal de Saúde, para que o atendimento das pequenas vítimas no hospital seja multidisciplinar, com a presença de especialistas de todas as áreas importantes para o inquérito.

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