'Meu filho é um novo Amarildo. Mataram ele', diz mãe de jovem em Manguinhos

Ambulante espera justiça contra PMs acusados de crime.


FLAVIO ARAÚJO

Rio - O futuro dos cinco policiais da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) de Manguinhos indiciados pela morte por asfixia de Paulo Roberto Pinho de Menezes, de 18 anos, em outubro, está nas mãos da Justiça. O pedido de prisão temporária por homicídio qualificado foi feito pelo titular da 21 ª DP (Bonsucesso), José Pedro da Costa, ao 1º Tribunal do Júri da Capital. Os PMs respondem também em Inquérito Policial Militar e, já afastados do serviço nas ruas da favela, podem ser presos administrativamente, segundo o Comando de Polícia Pacificadora. 

“Meu filho é um novo Amarildo. Mataram ele depois de espancar. Antes disso, ameaçaram e perseguiram. Chegaram a ameaçar a irmã dele de 13 anos, uma criança. A prisão desses cinco pode ser um primeiro passo, mas tem pelo menos mais 15 PMs envolvidos no caso. Se tivessem levado meu filho para a delegacia, ele estaria vivo”, denunciou Fátima Pinho Menezes, mãe de Paulo Roberto, e que compara o caso ao do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, torturado e morto por PMs da UPP Rocinha. Segundo o delegado José Pedro da Costa, o pedido de prisão de José Luciano da Costa Neto, Rodrigo da Costa Tavares, José Cardoso de Araújo, João Paulo da Silva da Rocha e Jefferson Albuquerque Pinto visa garantir a continuidade do inquérito. “Serão realizadas outras diligências, a reconstituição do crime e busca de testemunhas”, esclareceu o delegado. Na quinta-feira, o policial disse que quer realizar a reconstituição do caso no dia 10 de dezembro. A reprodução simulada deverá contar com a participação dos PMs acusados e de colegas de farda de plantão naquele dia, além de parentes e testemunhas da morte. 

A vítima tinha sete passagens pela polícia, sendo quatro por furto e três por assalto à mão armada. “Não é por causa disso (crimes) que a polícia podia matar ele. Devia era pegá-lo e levá-lo à delegacia”, disse a mãe.

Delegado cogita que rapaz foi vítima de sufocamento em beco da favela
Uma das hipóteses que a polícia trabalha é a de que Paulo Roberto, a exemplo de Amarildo, teria sido morto asfixiado com saco plástico na cabeça. O laudo do IML apontou que as lesões que levaram o jovem à morte foram resultado do que os legistas chamam de ‘tríade asfíxica’: existência de petéquias (hemorragia de vasos sanguíneos) nos pulmões, coração e outros órgãos; sangue fluído e escuro e congestão polivisceral. 
Não havia marcas no pescoço do jovem, mas o delegado não descarta o sufocamento. “A asfixia mecânica, em algumas modalidades, não deixa marcas na face ou no pescoço, como na sufocação direta, com objetos macios, panos ou saco plástico para ocluir os orifícios respiratórios e no estrangulamento sem laço, no qual o agressor aplica o braço sobre o pescoço da vítima e provoca a constrição, golpe conhecido por ‘mata-leão’”, detalhou José Pedro. Os acusados negam o crime e dizem que o jovem ‘caiu desmaiado, visivelmente alterado’. Na mesma Zona Norte, serão inauguradas na segunda as UPPs Lins e Camarista Méier.

Tiroteio deixa soldado ferido na Rocinha
O soldado da UPP da Rocinha Jaderson dos Anjos, de 31 anos, ficou ferido por estilhaços no rosto e mão esquerda durante confronto com traficantes da parte alta da favela, no início da madrugada de ontem. Ele e outros três colegas foram surpreendidos por bando armado de fuzis no Beco da Máscara, próximo à Rua 3. Jaderson passa bem. Mais de 80 disparos teriam sido feitos contra os PMs. Em nota, a assessoria das UPPs informou que os batalhões de Operações Especiais (Bope) e de Choque reforçam a segurança na comunidade, onde tem ocorrido intensos tiroteios, por tempo indeterminado. Em quatro anos, sete PMs já morreram trabalhando em UPPs no Rio.

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