Raio-x quebrado trava o IML
Equipamento é fundamental nas investigações de mortes com armas, como ocorreu na Maré.
O prédio do Instituto Médico Legal, na Avenida Francisco Bicalho: legistas relatam dificuldades com laudos sem o uso do aparelho de raio-x
Foto: Divulgação
Rio - Inaugurado há quatro anos, ao custo de R$ 32,2 milhões para os cofres do estado, o Instituto Médico-Legal (IML) está sem raio-x. O aparelho estaria com defeito há mais de um ano. Segundo peritos legistas, a falta do equipamento dificulta a localização e a retirada de balas e fragmentos dos projéteis alojados em órgãos de vítimas onde não seja possível a visualização sem a radiografia. De acordo com os legistas, o problema compromete as investigações porque, sem as balas, não é possível fazer confronto balístico — exame que aponta de que arma partiu o disparo. Essa informação é fundamental para a polícia chegar ao assassino. O defeito está relatado por três legistas em oito dos dez laudos das vítimas do confronto com o Bope segunda e terça-feira na Maré, aos quais O DIA teve acesso. Um dos laudos é referente ao sargento do Bope Ednelson Jerônimo dos Santos Silva, morto no conflito: “Anotamos a impossibilidade absoluta de realização de exame radioscópico, por inoperância do aparelho”.
Jeito manual
Para a Polícia Civil, a perícia tem como ser feita manualmente: o legista poderia refazer o trajeto da bala até chegar onde ela se alojou. A instituição informou que está fazendo cotação para o conserto do equipamento e que a manutenção do IML está sendo transferida para o Grupo Executivo do Programa Delegacia, que ficará responsável pela reforma. A inauguração do IML aconteceu com dois anos de atraso. O Tribunal de Contas do Estado obrigou os responsáveis pela edificação a devolver R$ 1,7 milhão por obras não executadas.
Marcas de tiros de fuzil
Equipamento danificado dificulta localizar balas alojadas em corpos
Foto: Divulgação
De acordo com os laudos os tiros que mataram as vítimas na Maré são “dotados de grande energia cinética”, o que significa que são de fuzil. Segundo peritos ouvidos, os ferimentos têm características de marcas de confronto e não de execução. Os tiros atingiram o abdômen, na cabeça e no tórax. No entanto, um amigo do garçom Eraldo Santos da Silva contou que a vítima foi executada: “Apontaram para ele e atiraram na cara”. O laudo atestou que o tiro acertou Eraldo no nariz e saiu pela cabeça. Ele não tinha antecedentes criminais e foi morto no bar onde trabalhava. Jonathan Farias da Silva, 16 anos, foi atingido com um tiro na cabeça e também não tinha passagem pela polícia. Nesta sexta-feira, o comandante do Bope, René Alonso, prestou depoimento na Divisão de Homicídios. À tarde, o delegado titular da DH, Rivaldo Barbosa, esteve no Hospital de Bonsucesso onde ouviu depoimentos de três feridos.
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