Vinte anos depois, chacina ainda marca Vigário Geral

Dos 52 PMs denunciados pelo massacre, sete foram condenados e estão presos.

Nenhuma das 21 vítimas assassinadas a sangue frio por policiais militares tinha antecedentes criminais | Foto: Estefan Radovicz / Agência O Dia

POR LUCIO NATALICIO

Rio -  Quase 20 anos depois, os moradores do Parque Proletário de Vigário Geral, ainda guardam na memória detalhes do massacre de 21 moradores, todos trabalhadores, praticado por policiais. Na época, grupos ligados aos Direitos Humanos, inclusive a Anistia Internacional, se envolveram no caso. De 52 policiais militares denunciados, sete foram condenados e estão presos. Na primeira parte do julgamento, 19 policiais foram absolvidos, cinco foram mortos, um foi impronunciado (saiu do processo pois não havia provas contra ele) e um ficou foragido. Na segunda parte, nenhum foi condenado, nove foram absolvidos, mais um morreu e nove foram impronunciados. Com o decorrer do tempo, o caso saiu dos holofotes da mídia. Procurado pelo DIA, o juiz Carlos Augusto Borges, da Vara de Execuções Penais, não quis dar mais detalhes sobre o caso, alegando segredo de Justiça.

A chacina de 29 de agosto de 1993 foi praticamente anunciada. Pessoas que estavam na Praça Catolé do Rocha, na madrugada anterior, suspeitavam que os PMs promoveriam um banho de sangue para vingar a morte de quatro policiais no interior de uma patrulha do 9º Batalhão (Rocha Miranda). Só quem não acreditou em represálias pela execução dos quatro PMs foi o tenente-coronel Cesar Pinto, que não colocou policiamento preventivo de madrugada na entrada da favela. Comentou-se à época, que o PM Leandro Marques da Costa, o Bebezão, que está foragido, teria anunciado para ele que a invasão ocorreria. Pela irresponsabilidade, o coronel chegou a ser exonerado do cargo. Os moradores não conseguiram esquecer as cenas de terror. Os matadores iniciaram a execução jogando uma granada num bar e executando a tiros sete trabalhadores.

Em seguida, invadiram uma casa em frente, dizimando uma família  de oito pessoas, entre elas uma jovem de 15 anos, morta com um tiro na nuca enquanto dormia. Além dos 15 moradores, os PMs mataram seis outros trabalhadores que encontraram pela frente. Nenhuma das 21 vítimas tinha antecedentes criminais.

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