Sem condições de atender, emergências de hospitais dispensam pacientes

POR ALESSANDRO LO-BIANCO

Rio -  A falta de médicos, materiais hospitalares e remédios está levando hospitais federais do Rio a negar atendimento emergencial a diversos pacientes, que estão sendo orientados a procurar Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e clínicas da família.

Viviane não conseguiu atendimento para o filho de três anos, que tem um pino cirúrgico saindo pelo pé | Foto: Uanderson Fernandes / Agência O Dia

Por causa da carência de especialistas, o Centro de Tratamento de Queimados (CTQ), no Hospital Federal do Andaraí, ameaça ser fechado. Ontem, o aposentado Manoel Mozart, de 69 anos, ficou oito horas numa cadeira de rodas aguardando um urologista avaliar um exame feito pela manhã na unidade. “Estou o dia todo sem conseguir andar nem comer, e morrendo de dor. Não tenho mais idade para ser humilhado desta maneira”, desabafou.

O mesmo drama era sentido pelo securitário Edinaldo Martins, de 58 anos, que aguardava atendimento no local havia mais de cinco horas: “Me orientaram a ir para a UPA, mas lá não tem um especialista. Já são 19h e falaram que o urologista chegaria às 16h. Há uma semana só consigo falar com enfermeiros, que só receitam remédios para dor”, disse, nervoso.

No Hospital Cardoso Fontes, em Jacarepaguá, a emergência funciona precariamente em duas salas, pois há um ano as obras na antiga emergência não são concluídas. “Os pacientes que chegam aqui são orientados a marcar o atendimento pela Clínica da Família. Isso é só para dispensá-los, pois estas unidades não marcam atendimentos para outros hospitais”, denunciou uma funcionária sem se identificar.

Mesmo com pé ferido, criança não é ajudada
Depois de ir ao Hospital Federal de Bonsucesso ontem, a dona de casa Viviane Reis, de 29 anos, voltava desesperada para São Gonçalo sem conseguir atendimento para o filho de três anos que precisou colocar um pino no pé em razão de uma doença congênita. Os arames rasgaram o pé da criança e estavam para fora.

“Há uma semana que ele está assim. Eu mesmo estou fazendo os curativos, mas estou com muito medo porque o pino saiu pela pele e está do lado de fora. Eles disseram para eu voltar semana que vem, pois não há pediatras para atendê-lo hoje”, disse.

O mesmo problema também atinge os serviços da emergência do hospital pediátrico da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que havia sido interrompido. Ontem, a Defensoria Pública solicitou a reabertura do setor, situado na Ilha do Fundão, em até 24 horas, sob pena de medidas judiciais.

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