Operários que trabalharam no Maracanã apontam falhas da reforma do estádio

Real inauguração será em 2 de junho e terá amistoso entre Brasil e Inglaterra.

Mais de oito mil operários e seus familiares lotaram a entrada da estátua do Bellini, no Maracanã

Jornal do Brasil
Maria Luisa de Melo

Milhares de operários que trabalham na reforma do Estádio Jornalista Mário Filho, o Macaranã, lotam a entrada da estátua do Bellini para assistir a partida entre os Amigos do Bebeto e os Amigos do Ronaldo Fenômeno. O evento-teste conta com apenas 30% da capacidade do estádio, cerca de 78 mil torcedores. Vestidos com camisas dos principais times do Rio de Janeiro, os trabalhadores relembram os clássicos que já acompanharam em um dos estádios mais famosos do planeta e apontam problemas da reforma.

Depois de 2 anos e 8 meses de obras, o Macaranã sessentão, construído para a Copa de 1950, lembra muito pouco o atual. Para o pintor Ezequiel Soares, de 40 anos, a fachada antiga é uma das partes do estádio que deveria ter sido mantida. "A parte de fora estava bem melhor antes da obra. O Maraca antigo era lindo, o atual está bem diferente. Lembro bem da final entre Vasco e Flamengo em 1998. Infelizmente o Vasco perdeu, mas a emoção de estar no Macaranã sempre foi imensa. Independente da partida, vir ao Maracanã sempre foi um programão para qualquer carioca. O problema agora vai ser pagar um ingresso", destaca o operário. "O Maracanã por dentro lembra um shopping. O ingresso certamente será muito mais caro do que era antes"

Vestido a com a camisa do Vasco da Gama, o pintor relembra que depois de duas greves e algumas paralisações feitas no ano passado pelos trabalhadores da construção pesada, hoje vai comemorar o pagamento de horas extras pelo Consórcio Maracanã Rio 2014, formado  pelas construtoras Odebrecht Infraestrutura e Andrade Gutierrez

"Ainda não temos as condições ideais de trabalho, mas depois das greves a situação melhorou 80 por cento do que era. A principal modificação foi o pagamento de horas extras. Normalmente trabalhamos 5 horas a mais por dia", diz o vascaíno, que subiu a rampa do novo estádio acompanhado da mulher Sheila e do filho, Lucas.

Também operário no Maracanã, o flamenguista José Carlos dos Santos, 50 anos, fez festa com as duas filhas e a esposa enrolado na bandeira do seu time, enquanto adentrava a arquibancada. Ele acompanhou no Maracanã decisões e títulos importantes em 1978, 1980, 81, 87 e 92. O torcedor aproveitou sua passagem pelo novo estádio para pedir mais respeito aos trabalhadores que participam da reforma.

Família de operário teve que recorrer a sindicato para conseguir ingressos junto ao governo do Estado

"Infelizmente o que eu venho comemorar aqui é o jogo em si entre os Amigos do Bebeto e os Amigos do Ronaldo, mas não posso esquecer que o desrespeito com os operários não para de acontecer. Para obter os ingressos prometidos eu tive que contar com a pressão do Sindicato da Construção Civil Pesada, porque só queriam entregar metade dos ingressos", diz ele, que trabalha há 1 ano e 4 meses na obra.

Do lado de fora do estádio, ainda é possível observar que a reforma não está completamente pronta. A entrada ainda está cheia de máquinas, entulhos, tapumes e muita poeira. Segundo o governo do Estado do Rio de Janeiro, o objetivo da partida é verificar as instalações, a estrutura e os equipamentos para que sejam feitos eventuais ajustes. A inauguração do estádio só será realmente feita no dia 2 de junho, com o jogo amistoso entre Brasil e Inglaterra.


A partir das 18h30, o público formado por cerca de 8 mil operários que trabalharam nas obras do Maracanã, além de seus familiares, puderam assistir às apresentações de Naldo, Martinho da Vila, Neguinho da Beija Flor e Preta Gil. O hino nacional ficou por conta da vascaína Fernanda Abreu, do tricolor Ivan Lins, e da flamenguista Sandra de Sá. As 19h entraram em campo 22 jogadores que integram os times Amigos de Bebeto e Amigos de Ronaldo Fenômeno.

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