Gangues de jovens em guerra no interior do Rio

Confrontos que reúnem dezenas de pessoas são marcados pela Internet e em bailes funk.

Arte: O Dia
POR FRANCISCO EDSON ALVES

Rio -  Brigas entre integrantes de gangues estão se espalhando pelo interior do estado, assustando pais e preocupando autoridades. Só no Sul Fluminense, pelo menos cinco pessoas já foram mortas e dezenas de jovens ficaram feridos nos últimos seis anos por conta das brigas entre grupos rivais. Outros 11 assassinatos na região teriam ligação indireta com os conflitos. As cidades de Volta Redonda, Barra Mansa, Resende e Angra dos Reis são as que mais sofrem. Segundo a polícia, os confrontos são marcados pela internet e durante bailes funk. Na noite de quinta-feira, policiais do 28º BPM (Volta Redonda) impediram uma guerra entre desafetos de bairros diferentes no bairro Três Poços, na periferia da cidade. Depois de denúncia anônima, um menor de 16 anos, armado com revólver 32, foi apreendido na porta da Escola Municipal Marizinha Félix.

Segundo o delegado da 93ª DP (Volta Redonda), Antônio Furtado, as brigas envolvendo rapazes de bairros diferentes em Volta Redonda ganham contornos de faroeste americano. “Os brigões, para mostrar que são valentões na internet, combinam as desavenças pelas redes sociais. O mais incrível: para demonstrar coragem, vão armados com apenas com uma bala na agulha. Ou seja, o alvo de morte deles já está definido”. Na delegacia, X., 16, alegou que em outra briga tinha sido ameaçado de morte e por isso resolveu se armar. A porta do colégio Marizinha Félix seria o cenário para uma batalha entre jovens da localidade Buraco Quente e de Três Poços, às margens da Rodovia Lúcio Meira (BR-393), no Jardim Amália II.

Em março de 2007, porém, a polícia não chegou a tempo de impedir a morte do metalúrgico Fagner Rodrigues de Castro, de 24 anos. Inocente, ele foi vítima também da única bala na agulha disparada por Leandro da Rocha Sena, o Boca, de 22 anos, preso três anos depois no bairro Coqueiros. O crime foi praticado no maior shopping da região, o Síder, local badalado de Volta Redonda. Boca confessou que, na época da morte de Fagner, participara de um confronto marcado pela internet. Seu alvo era outro jovem, mas ele errou e acertou em Fagner. Ele é acusado ainda de matar outro jovem em conflitos de gangues, em 2012: Thiago da Silva, no dia 26 de abril. Na capital, após ações enérgicas da polícia, os confrontos marcados pela internet, principalmente entre torcedores de futebol, diminuíram consideravelmente.

Reação da polícia tem resultados
Em Resende, foi preciso o 37º BPM (Resende) realizar megaoperações na cidade para pôr fim às brigas de gangues. Cinquenta e quatro pessoas suspeitas de incitar confrontos via internet acabaram presas. Armas e drogas também foram apreendidas.

“Estamos, aos poucos, conseguindo acabar com as chamadas zonas do medo, verdadeiros ringues de batalhas em alguns bairros”, garantiu o comandante do 37º BPM, tenente-coronel Rogério Figueiredo de Lacerda.

Em Barra Mansa, onde mais de 50 integrantes de gangues já foram presos desde o ano passado, a segurança tem que ser reforçada em todas as festas populares, como a do padroeiro da cidade, São Sebastião, em janeiro, quando as brigas entre grupos rivais são certas. A mesma coisa acontece nas festas tradicionais de Angra dos Reis e Barra do Piraí.

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