Incêndio criminoso na Saara no Rio
Incêndio destrói lojas na região da Saara.
veja.abril.com.br/Divulgação.
POR FLAVIO ARAÚJO
Rio - O coração da Saara, no Centro do Rio, virou um inferno por cerca de cinco horas na noite de sexta-feira e madrugada deste sábado. Oito lojas e sobrados foram destruídos por um incêndio de grandes proporções que começou por volta das 22h de sexta em uma das sete lojas da Rede Caçula, que fica entre os números 245 e 261 da Rua Buenos Aires. Bombeiros de seis quartéis conseguiram controlar as chamas - que se propagaram rapidamente em materiais extremamente inflamáveis do estoque como plástico, isopor, couro, tecidos sintéticos, tintas, solventes e cola - por volta das 4h da manhã. Um bombeiro chegou a ser atingido quando a fachada do prédio desabou. Ele foi atendido no local e teve ferimentos leves. Não houve registro de outros feridos. A loja da Perfumaria Lêdo também foi destruída. Testemunhas disseram ter visto dois homens em cima do telhado do prédio pouco antes das chamas. A hipótese de incêndio criminoso não está descartada.
"Somente perícia poderá apontar as causas, mas esses relatos de duas pessoas no telhado e a velocidade com que as chamas se propagaram nos obriga a não descartar a hipótese de crime. Tivemos muita dificuldade de combater o fogo por se tratar de um imóvel antigo que, com a temperatura de mais de 1000°C, teve a estrutura entrando em colapso, com queda de lajes e paredes". avaliou o comandante-geral do Corpo de Bombeiros e secretário de Defesa Civil, coronel Sérgio Simões.
Explosão de gás encanado na loja da Caçula assustou bombeiros e curiosos. A principal preocupação da corporação foi resfriar os prédios vizinhos para que as chamas não atingissem outros imóveis. Em um centro comercial vizinho ao incêndio funcionam dois restaurantes. Os militares arrombaram portas e jogaram água no teto para evitar que o fogo atingisse este imóvel, pois havia a informação da existência de botijões de gás nos dois restaurantes.
Segurança da Saara, Luís Afonso Leal, contou que demorou cerca de 40 minutos entre o primeiro contato que fez com o Corpo de Bombeiros pelo celular e a chagada do primeiro caminhão-pipa da corporação. "Liguei para 193 e só dava ocupado durante dez minutos. Eu vi o começo do fogo, saía uma fumacinha e não conseguia falar com eles. Desisti e liguei para a PM. Falei logo, mas a atendente do 190 disse que precisava confirmar meu telefone e demorou mais dez minutos para ligar de volta e se certificar que não era trote. Quando acionaram o bombeiro, as chamas já estavam altas", relatou. Ainda de acordo com Luís, faltou água em hidrantes e veículos no início do combate ao incêndio.
O coronel Sérgio Simões negou que tenha faltado água e ironizou a informação sobre a demora para o atendimento. "A história sempre se repete. Sempre há relatos que os bombeiros demoram em todas as ocorrências no Rio de Janeiro, mas isso não se confirma com a nossa presteza na ação. Garanto que chegamos aqui em 4 ou 5 minutos depois da primeira ligação para o 193 e já sabíamos da extensão", afirmou.
A Caçula é uma rede atacadista de materiais de papelaria, tecidos, artesanato, bijuterias, armarinho e bazar. A loja da Saara também funcionava como estoque de cerca de 90 mil itens para as outras 14 filiais da rede, 12 delas no Rio. Os donos da caçula, os irmãos Marco Antônio Castro e Sebastião Castro estão em viagem fora da cidade por conta do feriadão de Páscoa. Na Caçula da Saara trabalhavam cerca de 300 empregados. "Estava em casa, entrei em desespero e vim para cá. Não sei como será agora. Meu trabalho é minha vida. É muito difícil ver isso acontecendo com uma vida inteira de dedicação", lamentou Nágila Gonçalves, de 58 anos, e que trabalhava na Caçula há 27.
De acordo com o coronel Sérgio Simões não havia ainda decisão sobre a abertura da Rua Buenos Aires na manhã deste sábado, quando a Saara deverá ter grande movimento de clientes por conta da Páscoa. "Vamos realizar logo cedo uma avaliação com engenheiros e decidir sobre a liberação da rua. Precisamos ter certeza de que não há risco de mais desmoronamentos", adiantou o coronel.
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