Falta d'água suspende aulas, mães faltam trabalho e firmas têm prejuízos

POR ALESSANDRO LO-BIANCO

Rio -  O segundo dia de falta de água afetou mais a vida do carioca. Com o fornecimento suspenso em vários bairros e em outras cidades, e colégios cancelando aulas, muitas mães tiveram que faltar ao trabalho porque não tinham com quem deixar os filhos, prejudicando negócios. Enquanto isso, numa mesma rua de São João de Meriti, moradores amargavam a seca nas torneiras enquanto um cano da Cedae desperdiçava muitos litros de água por horas de vazamento. A previsão é que a falta d’água e seu efeito-dominó termine esta noite.

Rompimento de tubulação da Cedae na Rua da Matriz, em São João do Meriti, deixou a via inundada | Foto: Severino Silva / Agência O Dia

No bairro da Penha, por exemplo, uma confecção e um pet shop tiveram dificuldade para funcionar com a falta de funcionárias. Filhos de várias empregadas estudam na escola Conde de Agrolongo, que fechou as portas por causa das bicas secas.

Em Belford Roxo, na Vila Medeiros, a dona de casa Samanta Oliveira estava apreensiva. “Meu marido está constrangido de ir trabalhar sem tomar banho. Também estou sem luz neste calor”.

Na casa ao lado, a aposentada Ilda Ribeiro estava nervosa: “Tenho uma idosa de cama. Como vamos higienizá-la?”, disse.

Vazamento
Na Vila Rosali, em São João do Meriti, o rompimento de uma tubulação da Cedae na Rua da Matriz deixou a via toda inundada. Segundo o morador Roberto Juaniz, o vazamento começou na madrugada.

“É um desperdício de água. Já são 13h. Liguei duas vezes para a Cedae e ninguém apareceu. Estou sem água em casa. Enquanto isso, há mais de oito horas que está vazando água sem parar deste cano”.


A dona de casa Samanta Almeida lava a louça com balde de água | Foto: Severino Silva / Agência O Dia

Segundo Kátia Angélica, que observava a cena com lágrimas nos olhos, o sentimento é apenas um: “Desgosto. Sinto desgosto por essa pouca vergonha. Como pode faltar água na minha casa e, na mesma rua, jorrar água potável deste cano rompido?”. Com a mãe doente, a solução de Virgínia Soares da Costa foi lavar roupas no vazamento. “A única vez que atrasei a conta de água ameaçaram cortar. E agora que o atraso é deles?”, protestou.

Cedae diz que culpa é da Light e ameaça acionar órgão regulador
O presidente da Cedae, Wagner Victer, garante que o problema é da Light. “A Cedae continua sofrendo com as interrupções no fornecimento de energia. Passamos por isso em dezembro. Como a cena se repete, estou encaminhando um parecer para que a Aneel tome as ações cabíveis”, disse ele, referindo-se ao órgão responsável pela fiscalização das empresas de energia. Em nota, a Light comunicou laconicamente que “está totalmente voltada para a identificação e razões que motivaram as referidas oscilações de tensão, sabendo o quanto o sistema Guandu é sensível a essas variações”.


Pais reclamaram da suspensão de aulas em escola municipal da Penha | Foto: Severino Sillva / Agência O Dia

Até esta terça-feira, a situação estava parcialmente normalizada na Alerj, que também sofreu com a falta de água segunda-feira. Apesar da normalização do abastecimento nas torneiras, o sistema de ar condicionado ficou fechado durante o dia. O calor era insuportável.

Escolas suspendem aula
A falta de água também fechou colégios. A Secretaria municipal de Educação informou que 62 unidades não funcionaram nesta terça-feira, e que 33 tiveram funcionamento parcial. Na Escola Municipal Conde de Angrolongo, na Penha, os pais se revoltaram. A mãe Ana Maria da Silva resumiu: “É um absurdo”. E os comerciantes também reclamaram. Em Benfica, a empresária Sabrian D’biase teve prejuízos. “Duas costureiras não vieram porque não tinham com quem deixar os filhos. Perdi R$ 535”.

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