Pitanguy lembra que país virou referência em cirurgia plástica após incêndio em Niterói, em 61

POR Alessandro Lo-Bianco

Rio -  A tragédia em Santa Maria (RS) trouxe à tona lembranças do maior incêndio da História do Brasil. Em 17 de dezembro de 1961, o fogo se alastrou pelo Gran Circo Norte-Americano, em Niterói, deixando 2.500 feridos e 503 mortos, a maioria crianças. Até hoje, nenhuma vítima foi indenizada. Na ocasião, um jovem cirurgião plástico de 35 anos se deparava com o desafio de salvar centenas de vidas. Hoje, aos 86 anos, Ivo Pitanguy, sensibilizado com o drama no Sul do Brasil, relembra como foi a árdua missão.

Em 17 de dezembro de 1961, o fogo se alastrou pelo Gran Circo Norte-Americano, deixando 503 mortos | Foto: Agência JB

“Escutei pelo rádio e, como eu tinha um grupo de alunos e médicos recém-formados, bem afiados em cirurgia plástica, reunimos nossos esforços. Realizamos cirurgias reparadoras e também estéticas, que na época eram desprezadas pela Medicina no Brasil”, contou ele, que foi responsável por organizar o Serviço de Queimados do Hospital Universitário Antônio Pedro, em Niterói.

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Na época, Pitanguy foi o primeiro cirurgião a utilizar pele liofilizada (congelada), no tratamento de queimados. “Recebemos a pele da Marinha dos Estados Unidos para fazer enxerto nos pacientes mais graves. Como era algo novo para o Brasil, viramos referência e ganhamos respeito na Medicina”, diz o cirurgião, lembrando das ações de solidariedade.

“Um homem chegou com o caminhão lotado de folhas de bananeira dizendo que era bom para queimaduras. Não usamos, mas fiz questão de agradecê-lo. Lembro de um menino que tinha se salvado e voltou para buscar um amigo. Não o vi mais. Ele era bem pequeno e aquilo me marcou”, disse, emocionado.

Adilson Marcelino Alves, um dos 50 contratados para a instalação da lona, assumiu a autoria do crime, motivado por uma briga com Dino Stevanovich, dono do estabelecimento. Ele foi condenado a 16 anos de prisão.

Prestígio do cirurgião atraiu doações
Autor do livro ‘O espetáculo mais triste da terra’ (Companhia da Letras), que resgata a história do incêndio no circo contando o drama dos sobreviventes e as histórias de solidariedade e heroísmo, o jornalista Mauro Ventura lembra que o prestígio de Pitanguy atraiu a doação de remédios e de outros materiais usados no tratamento das vítimas.

“Pitanguy teve uma participação muito importante, seja porque todos os cirurgiões plásticos tinham sido formados por ele ou porque atraía a atenção das autoridades para o problema. Os médicos, alguns recém-formados, aprenderam ali, naquele momento, a tratar queimaduras gravíssimas”, disse Mauro Ventura.

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