Na véspera da eleição, Alencar vira 4º candidato

A disputa pela presidência da Câmara ganha mais um concorrente; o deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ) oficializou seu nome nesta quinta-feira 31; a candidatura de Alencar, segundo o PSOL, é uma forma de questionar a "moral homogênea" do PMDB, partido que tem "candidatos conhecidos não como notáveis mas como notórios freqüentadores de territórios nebulosos".


Juliane Sacerdote _Brasília 247 – Mais um nome surge na reta final da eleição para a presidência da Câmara Federal. Chico Alencar (PSOL – RJ) lançou sua candidatura na tarde desta quinta-feira 31. O anúncio foi feito pelo líder do partido na casa, deputado Ivan Valente (SP), em uma carta enviada à Câmara. Segundo o texto, o PMDB da "moral homogênea" tem dois candidatos [Câmara e Senado] na eleição deste ano, e conta com o apoio da base de governo, apesar de ter "candidatos bem conhecidos não como notáveis, mas como notórios freqüentadores de territórios nebulosos".

De acordo com o PSOL, a candidatura de Chico Alencar é independente e vem como alternativa ao nome do favorito Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), suspeito de desviar dinheiro público por meio de emendas parlamentares. O candidato pelo PSOL tenta a disputa pela segunda vez, e se junta aos deputados Júlio Delgado (PSB-MG) e Rose de Freitas (PMDB-ES), que fazem campanha nos estados desde o fim do ano passado.

Confira na íntegra nota do PSOL sobre a candidatura do deputado Chico Alencar:

PSOL lança Chico Alencar como candidato à Presidência da Câmara dos Deputados. O Partido Socialismo e Liberdade terá candidato próprio na eleição do novo presidente da Câmara dos Deputados para o biênio 2013-2014. Será o deputado Chico Alencar (RJ), que cumpre seu terceiro mandato consecutivo na Casa. A decisão em lançar candidatura própria é para representar um contraponto radical, frontal e nítido aos candidatos que contam com o apoio do governo federal e da oposição conservadora. Para o PSOL, o propósito fundamental é recolocar a política na ordem do dia e acertar o passo do Legislativo Nacional com as grandes questões que afetam a vida do povo brasileiro. A candidatura do deputado Chico Alencar será registrada na Secretaria Geral da Mesa nesta sexta-feira, dia 1º de fevereiro.

RAZÕES DE UMA CANDIDATURA À PRESIDÊNCIA DA CÂMARA

A hegemonia da pequena política contamina o sistema partidário e as maiorias nos Parlamentos. Ela busca ostentar a aparência de força contra a qual “não há alternativa”.  O senso comum cristaliza a ideia de que todos os políticos são iguais. Negamos a política como administração de poder entre elites e aceitação do existente como “natural”. AFIRMAMOS a Política como disputa de diferentes projetos de sociedade. A apatia do cidadão é cultivada como expressão de “normalidade” democrática. Negamos os representantes que se descolam dos anseios dos representados e as negociatas que garantem financiamento de campanhas eleitorais cada vez mais caras. AFIRMAMOS a prioridade do interesse público e da transparência em todas as ações de seus agentes.

Negamos o condomínio de poder que articula grandes empreiteiras, partidos da ordem e encomendas dos governos, e que não quer ser investigado – como revelou o melancólico fim da CPMI Cachoeira/Delta. AFIRMAMOS que há alternativas aos sócios da espantosa operação “abafa” que se apresentam agora como candidatos “imbatíveis” para a direção das Mesas do Congresso. O PMDB da “moral homogênea” (expressão do saudoso Márcio Moreira Alves) aspira dirigir as duas casas do Congresso e conta com o apoio da base do governo e da oposição conservadora.  Seus candidatos são bem conhecidos não como notáveis, apesar de antigos e experientes parlamentares, mas como notórios frequentadores de territórios nebulosos na vida pública. Negamos o noticiário que dá suas vitórias como inevitáveis. AFIRMAMOS que uma outra prática política é possível e necessária.

Nem mesmo as ordens sociais mais opressivas conseguem abafar a vitalidade que sobrevive na dinâmica social e na movimentação política. Embrionária, às vezes reduzidas ao interior das intenções humanas, a “Política com P maiúsculo, a política que é História”, como definia Joaquim Nabuco, sempre renasce. Negamos o fato consumado e AFIRMAMOS que o primeiro passo da passagem da intenção ao gesto, que pode dotar de eficácia transformadora a insatisfação latente, é contestar o domínio absoluto dos acordos por cargos e do corporativismo.

Negamos os candidatos do condomínio oficial de poder e AFIRMAMOS que oferecer um contraponto radical, frontal e nítido ao que eles representam é um imperativo ético, sobretudo em um pleito de 2 turnos. Os anais da História precisam registrar a existência dos que resistem ao consenso passivo diante da ordem injusta, da degradação do Parlamento e da corrupção sistêmica que a reproduz.  AFIRMAMOS que nosso propósito fundamental é recolocar Política na ordem do dia e acertar o passo do Legislativo Nacional com as grandes questões que afetam a vida do nosso povo. 

Estas são as razões da apresentação do nome de Chico Alencar à presidência da Câmara dos Deputados. Sua trajetória de vida e, em especial, a PLATAFORMA que ele defende, podem contemplar os desejos sinceros de parlamentares sensíveis à dimensão dessa grave crise da representação, que é a da própria democracia.

Ivan Valente, líder do PSOL na Câmara dos Deputados
Brasília, 31 de janeiro de 2012

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