Escândalos expõem Patrícia Amorim e aliados

Ex-presidente do Flamengo tinha tudo para que seu nome caísse no esquecimento depois que deixou o cargo, em dezembro. Mas nessa semana uma série de escândalos veio à tona: relação de dirigentes do clube com acusados de assassinato, regalias, desmando nas contas e até o sumiço de R$ 40 mil. Entenda cada caso.


Rio 247 - A ex-presidente do Flamengo Patrícia Amorim deixou o cargo no final de dezembro, após perder as eleições para Eduardo Bandeira de Mello. Foi a segunda derrota eleitoral no ano. Ela já havia perdido o mandato de vereadora. Seu nome tinha tudo para cair no esquecimento, mas nessa semana uma série de escândalos envolvendo seus aliados veio à tona. Relação de dirigentes com acusados de assassinato, regalias, desmando nas contas e até o desaparecimento de relógios de R$ 40 mil estão na pauta. Vamos aos casos:

Envolvimento de dirigente da gestão Patrícia com torcedores acusados de assassinar vascaíno:
A Polícia Civil do Rio de Janeiro investiga o assassinato do torcedor vascaíno Diego Martins Leal, ocorrido em agosto do ano passado. Nove integrantes da Torcida Jovem do Flamengo foram presos pelo possível envolvimento com o crime. Matéria da TV ESPN Brasil mostrou que na época do crime os suspeitos do assassinato receberam as visitas do ex-vice de finanças Michel Levy e de Cacau Cotta, ex-vice de administração. Segundo a reportagem, dois integrantes da TJF presos relataram que os dirigentes ofereceram ajuda financeira e jurídica aos acusados. Um dos depoimentos cita diretamente Levy: "Afirma que Michel Levi foi o primeiro a entrar para visitar o declarante e que teria comentado que a torcida pagaria um advogado e que o clube de Regatas do Flamengo ajudaria no que pudesse. Afirma que Michel Levy teria oferecido uma quantia de R$ 300 para que o declarante pudesse passar a noite...". Enquanto Levy nega veementemente a visita à delegacia, Cotta confirma que esteve lá. O ex-dirigente disse à polícia que colocou o clube à disposição para ajudar a família de um dos presos, mas não se recorda de ter entregue qualquer quantia em dinheiro para ninguém. Há indícios ainda de que a antiga diretoria financiava a Torcida Jovem. No dia da prisão dos suspeitos, em novembro, foram encontrados na sede da torcida e na residência dos presos armas, drogas e dinheiro falso, além de uma grande quantidade de material oficial do clube, como camisas de jogo ainda com etiqueta. A maioria das camisas oficiais apreendidas pela polícia era de modelos usados apenas nos jogos, que não ficam disponíveis para venda. Há a suspeita de que diretores repassavam o material para a torcida, que o revendia e ficava com o dinheiro.

Outro indício de dependência financeira era o repasse de ingressos e outros materiais às torcidas. Em uma das escutas telefônicas em poder da Justiça, fica claro que materiais oficiais do clube foram disponibilizados às organizadas. Ainda segundo reportagem da ESPN Brasil, as investigações apontam que o diálogo envolve o torcedor André Luis Valladas, o Bodão, presidente da Associação das Torcidas Organizadas do Flamengo (ATorFla). Ele não é réu no processo. O próprio Michel Levy confirma que o clube repassava ingressos às organizadas. O dirigente não informou a quantidade, mas um dos presos disse que havia jogos em que chegavam a receber três mil ingressos e que eram revendidos ao custo de R$ 15 cada um, o que dá um rendimento de R$ 45 mil em um só jogo. Para um dos responsáveis pela investigação, o delegado Giniton Lages, da Divisão de Homicídios, a distribuição de ingressos e produtos alimenta o ciclo de violência das torcidas: "A distribuição de ingressos fortalece de alguma forma a torcida organizada, e isso vai fazer com que ela tenha energia para cometimento de crimes. Eles (os dirigentes interrogados) acham que a distribuição não é responsável por alimentar esse ciclo. Nós discordamos", afirmou o delegado em entrevista à emissora. O repasse de material e de ingressos para torcidas organizadas foi suspenso pela nova diretoria.

Desmandos nas contas
A primeira medida da nova diretoria do clube foi contratar uma auditoria para desvendar o caos financeiro no clube. A empresa Ernst & Young é a responsável por traçar um diagnóstico da real condição dos cofres rubro-negros. Os primeiros desmandos já estão vindo à tona. O portal Globo Esporte apurou que o gasto com contas de telefones celulares disponibilizados para funcionários e vice-presidentes de Patricia Amorim chegava a R$ 220 mil por mês. A nova diretoria vai rever a questão de aparelhos disponibilizado para funcionários, que chegava a cerca de 120 linhas, e cortará os aparelhos Nextel. Outro desmando que veio a público foi o fato de Patrícia não ter repassado o Imposto de Renda de funcionários à Receita Federal, utilizando o dinheiro para outros fins, o que caracterizaria apropriação indébita ou sonegação de impostos.

Desaparecimento de relógios e regalias bancadas pelo clube
O Flamengo firmou em 2011 um contrato de licenciamento com a marca francesa de relógios Hublot. O fabricante iria produzir duas séries de 250 relógios com o escudo do Rubro-Negro e o clube iria receber R$ 500 mil e mais seis relógios da grife, avaliados em R$ 40 mil cada. Quando Patrícia Amorim entregou o cargo, nos cofres do clube só estavam três destes. O que terão acontecido com os outros, que juntos valem R$ 120 mil? Mistério na Gávea. Além de não distribuir mais ingressos para as organizadas, a nova diretoria cortou as cortesias. O presidente Eduardo Bandeira de Mello, os vices-presidentes e os diretores agora pagam o valor de ingresso para cada convidado que levarem aos jogos da equipe. Na gestão anterior, segundo o jornalista Anselmo Gois, de O Globo, cada vice-presidente tinha direito a um camarote no Engenhão. Todos com bufê. Com apenas um mês fora do clube, Patrícia Amorim já tem muita coisa para explicar. E vai ter muito mais. Dentro de dois meses, os resultados da auditoria da Ernst & Young serão levadas a público. A ex-mandatária, seu marido, Fernando Sihman, Michel Levy e Cacau Cotta são alguns dos que têm motivos para se preocupar.

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