Martha Rocha: ‘A gente está cortando na carne’

POR VANIA CUNHA

Rio -  Como toda mulher que carrega os títulos de profissional bem-sucedida e boa dona de casa, Martha Rocha preza pela organização. E é do alto de seus 29 anos de experiência como policial que a chefe da Polícia Civil retira a visão de futuro que empresta à sua gestão há um ano e nove meses.

Martha Rocha afirma que serão criadas Divisões de Homicídios na Baixada e na Região Metropolitana | Foto: Estefan Radovicz / Agência O Dia

A delegada não faz vista grossa para os erros da instituição, formada por 12 mil agentes. E planeja elevá-la a patamar onde capacitação profissional e tecnologia caminhem juntos. Para isso, os investimentos serão a grande aposta de 2013. Ao DIA, ela conta que vai investir em divisões de Homicídios na Baixada e em Niterói, entre outras coisas.

ODIA: — Quais os investimentos da Polícia Civil para 2013?
MARTHA: A gente abre 2013 com a conclusão da Cidade da Polícia, que é um investimento de R$ 100 milhões. Vamos também concluir nosso hospital da polícia e fechar o concurso para delegado e inspetor.

Há projeto para a criação de Divisões de Homicídios na Baixada e em Niterói?
Sim, as novas divisões vão ser na Baixada e em Niterói e São Gonçalo. Vão estar no mesmo naipe da Divisão de Homicídios da Capital, um lugar que tem perito legista, perito criminal, papiloscopista, núcleo de inteligência, número expressivo de funcionários. Temos o terreno, o Programa Delegacia Legal já finalizou o projeto e foi autorizada pelo governador a construção. Acredito que, no primeiro trimestre de 2013, a gente dê início ao processo administrativo que culminará nas obras para o prédio.

Este ano, houve vários casos de policiais presos, inclusive um delegado com a equipe dele. O que tem sido feito para combater isso?
Este ano, prendemos quatro delegados, além de agentes. Não falo isso com prazer, mas a gente está cortando na carne também. O norte já foi dado. O bom policial não teme a Corregedoria.

Um dos episódios mais marcantes do ano foi a invasão e resgate de preso na 25ª DP (Engenho Novo). Qual a orientação aos agentes para melhorar a imagem da Polícia Civil depois disso?
Naquele episódio, a delegacia como um todo não entendeu a importância daquela pessoa na hierarquia do crime e não tomou os cuidados que deveria. Foi estabelecido um protocolo. Hoje pode acionar a Core (Coordenadoria de Recursos Especiais), tem como deslocar de outras unidades. Foi um aprendizado.

Há planos para investir em equipamentos e treinamento de agentes para os setores de inteligência das delegacias?
Se você consultar os arquivos, vai ver que as delegacias distritais prenderam milicianos, lideranças do tráfico. Todo mundo tem que trabalhar. A boa ação é a que traz a pessoa presa, sem dar nenhum tiro, que investe na inteligência.

Mas haverá investimentos nessa área?
Sim, em tecnologia, em equipamentos, na capacitação do servidor. A Cidade da Polícia é uma concepção diferenciada, porque vai ter uma única central de flagrantes, o estande de tiros com tecnologia internacional. A Academia de Polícia está discutindo o uso adequado da força, estamos fazendo o curso para grandes eventos, com exercícios no aeroporto e no Engenhão. Vamos adquirir um novo helicóptero, equipamentos para a Core e o Esquadrão Antibombas, entre outras coisas.

O ICCE é responsável pela maioria das perícias pedidas nas investigações, o que gera sobrecarga. O que pode ser feito para agilizar os exames?
Temos a perspectiva já autorizada pelo governador para a construção do novo ICCE (Instituto de Criminalística Carlos Éboli), maior, mais moderno e melhor equipado. Vamos também investir nos peritos, temos mandado alguns viajar para adquirir novos conhecimentos.

A senhora é boa dona de casa?
Sou. Cozinho muitíssimo bem! (risos)

E quem confirma isso?
Ah, todos que frequentam a minha casa. Não tenho empregada, só faxineira uma vez por semana. Então, ainda tenho que ter tempo para cuidar da casa e faço comida todos os dias.

Qual a sua especialidade no fogão?
Eu brinco que é o bacalhau da Martha Rocha (risos). A minha família é portuguesa, não pode faltar bacalhau. Sempre que como alguma coisa e gosto, peço a receita.

O que espera para 2013? 
Quero agradecer a todos os policiais que trabalharam muito para atender a população. Desejo um ano de muito trabalho e de bons resultados. Peço serenidade, sabedoria e bom humor.

http://odia.ig.com.br

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Mal silencioso: Veja 10 mandamentos para enfrentar a hipertensão

29 de janeiro de 1975: O assassinato do Bandido Lúcio Flávio