DELEGADO CONFIRMA: LULA CAIU NO GRAMPO DA PF

Superintendente em São Paulo, Roberto Troncon, diz que há ligações entre o ex-presidente Lula e Rosemary Noronha, mas nega que sejam 122 e diz que não há indícios de crimes; "se ele tivesse sido pego em algum crime, certamente estaria sendo investigado ou já indiciado"; nada impede que existam conversas que Lula não gostaria de ver divulgadas.


247 - O superintendente da Polícia Federal, em São Paulo, delegado Roberto Troncon, confirma: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi grampeado. Há conversas entre ele e a ex-chefe de gabinete da presidência da República, em São Paulo, Rosemary Nóvoa de Noronha.

"O ex-presidente não tem foro privilegiado. Se ele tivesse sido pego em algum crime, certamente estaria sendo investigado ou já indiciado", disse Troncon, ao jornal O Globo. "Não existe essa história de que foram interceptadas 122 ligações entre ele e a Rosemary. Agora, como ex-presidente, ele ligou algumas vezes para o escritório da Presidência em São Paulo, o que é normal”, afirma.

A informação sobre as 122 ligações em 19 meses (uma a cada cinco dias) foi divulgada em primeira mão pelo jornal Metro, do grupo Bandeirantes. Ainda que a Polícia Federal afaste a hipótese de crime, não está descartada a possibilidade de que a instituição tenha em seu poder conversas que um ex-presidente da República não gostaria de ver divulgadas. Segundo o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a operação Porto Seguro é apenas mais uma, entre outras ações corriqueiras da PF.

CARDOZO: ROSEGATE "É UMA OPERAÇÃO COMO OUTRAS".


Em entrevista, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, se defende da crítica de que deveria ter maior conhecimento sobre o que faz a Polícia Federal, depois da operação que atingiu a própria presidência da República. "Nunca fui cobrado por isso", afirma. "Vou chegar e dizer para não cumprir o mandado porque é do meu partido? Tenho que avisar para ele fugir?", indaga. Ele diz ainda que outras ações do tipo virão pela frente.

247 - O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, decidiu se defender das críticas que vem sofrendo, dentro e fora do PT, por não ter sido informado – e, por consequência, não  ter informado a presidente Dilma Rousseff – sobre a operação Porto Seguro, da Polícia Federal, que atingiu o gabinete da própria presidência da República, em São Paulo. Na sexta-feira, quando policiais cumpriam mandados no gabinete da presidência, Cardozo estava em Fortaleza e foi chamado às pressas a Brasília.

Falando à jornalista Rosângela Bittar, que chefia o jornal Valor Econômico, em Brasília, Cardozo, que, como ministro da Justiça, é superior hierárquico da Polícia Federal, abordou vários pontos.  "Qualquer interferência mesmo da direção geral da PF numa operação é crime", diz ele. "O ministro não pode e não deve ter ciência de uma ação sob sigilo que só o delegado, promotor ou juiz pode saber".

Ele afirmou ainda que não foi repreendido por não ter prestado informações à presidente Dilma. "Nunca fui cobrado por isso", afirma. Ele também diz que não perdeu o controle sobre a Polícia Federal, até porque, na prática, nunca teve. "Nunca se perde o que não se tem nem se deve ter. Tenho o controle hierárquico. Se houver abuso, tenho que tomar medidas. Mas uma operação que se processa dentro da lei, com ordem judicial, não tenho como ter controle nem devo ter."

O ministro também atribuiu as críticas que tem recebido aos que defendem a cultura da impunidade. "O que eu tenho que fazer? Que se cumpra a lei. Vou chegar e dizer para não cumprir o mandado porque é do meu partido? Tenho que avisar para ele fugir? Não tem cabimento", diz ele. Embora atinja a ex-chefe de gabinete do ex-presidente Lula, Rosemary Novoa de Noronha, Cardozo diz que se trata de uma operação corriqueira. "Foi um caso em que houve grande divulgação, tinha a chefe de gabinete da Presidência em São Paulo, um advogado da União, sinceramente é uma operação como tantas outras se fez e se fará", afirma. Cardozo afirma que a diferença das administrações petistas em relação ao passado é que "estamos sendo implacáveis". "Se tivéssemos um ministro que tentasse obstaculizar a ação da PF, um Ministério Público dirigido por um engavetador-geral da República, ou a inação colocada no Palácio, poderia dizer que o governo era conivente", afirma. O ministro também voltou a usar o bordão de Polícia Federal "republicana", criado pelo ex-ministro Marcio Thomaz Bastos. "Quando a ação da Polícia Federal se dá em relação a membros do governo, diz-se que o ministro da Justiça perdeu o controle. Quando se dá em relação à oposição, o governo está instrumentalizando politicamente a Polícia Federal. O que as pessoas não percebem é que a situação é republicana".

Críticos de Cardozo, no entanto, argumentam que, mesmo em democracias consolidadas, como os Estados Unidos, uma investigação sobre a presidência da República não ocorreria sem que antes o próprio presidente fosse alertado por órgãos de inteligência – não para conter ou para determinar a fuga de eventuais corruptos, mas apenas para agir de maneira preventiva.

FALHOU A INTELIGÊNCIA DO GOVERNO FEDERAL?


A resposta rápida do Planalto ao "caso Rose" já amenizou os efeitos da crise. Mas a operação deixa uma série de questões em aberto. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, sabia? Se sabia, avisou a presidente Dilma? O ex-presidente Lula foi mesmo grampeado? O que a Polícia Federal, que mantém uma queda de braço sobre salários com o governo federal, levantou sobre a presidência da República? Para quem acha que são questões irrelevantes, um argumento: uma ação do FBI na Casa Branca jamais aconteceria sem que Barack Obama soubesse antes.

247 - A Polícia Federal, que andava sumida no início do governo Dilma, está de volta. Quando muitos achavam que as operações espetaculares, que foram a marca do governo Lula, haviam ficado para trás, os homens de preto retomaram a ação – e em grande estilo. Na sexta, a batida da PF aconteceu na presidência da República, em São Paulo. Nesta segunda, um dos alvos foi Marco Polo del Nero, o homem que seria o provável presidente da Confederação Brasileira de Futebol na Copa de 2014. Sobre as novas ações, conduzidas pela superintendência de São Paulo, ainda há mais dúvidas do que respostas. Especialmente no que diz respeito à Operação Porto Seguro, que desarticulou uma quadrilha que vendia pareceres jurídicos no coração da máquina pública.

Eis, aqui, dez questões sobre o caso:
1) O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, a quem a PF é subordinada, sabia da operação? Aparentemente, não. Enquanto agentes cumpriam mandados na presidência da República, ele estava em Fortaleza, num encontro de ministros do Mercosul.

2) Considerando a hipótese de que soubesse, a presidente Dilma foi avisada? Pelo ar de surpresa e pelas reuniões de emergência convocadas na sexta e no sábado, ela também ficou vendida na história.

3) Sendo assim, onde estavam os órgãos de inteligência, como a Abin, enquanto uma operação atingia o próprio gabinete presidencial em São Paulo?

4) Há algum componente de disputa interna de poder na operação? Convém lembrar que tanto o ministro Cardozo como o advogado-geral da União, Luís Inácio Adams (cujo número dois foi indiciado), concorrem à mesma vaga no Supremo Tribunal Federal.

5) O presidente Lula foi mesmo grampeado? Procede a informação de que há 122 conversas entre ele e a secretária Rosemary Nóvoa de Noronha, divulgada nesta segunda-feira pelo jornal Metro?

6) Se a operação atingiu a presidência da República, que juiz autorizou o monitoramento que ocorreu durante 19 meses?

7) Assuntos sigilosos de Estado foram tratados?

8) O Ministério Público participou da operação?

9) Qual é a autoridade responsável pela guarda do que monitorado na operação, como os eventuais 122 grampos que envolvem o ex-presidente Lula?

10) Há alguma relação entre a operação Porto Seguro e a queda de braço da Polícia Federal e do governo em torno de salários?

Para quem considera essas questões irrelevantes, um alerta: nos Estados Unidos, uma operação do FBI que rondasse a Casa Branca não aconteceria sem que antes o presidente Barack Obama fosse avisado pela CIA ou pelo próprio FBI. Até para que medidas corretivas, como a demissão de funcionários corruptos, pudessem ser tomadas de forma preventiva – e sem constrangimentos. No Brasil, a Polícia Federal é subordinada ao Ministério da Justiça. E se o ministro não sabia de uma operação desse alcance, quem está em risco é a própria presidência da República.

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