Protesto de caminhoneiros eleva preço de hortifrútis

Bloqueio da Dutra de Barra Mansa: congestionamento à tarde foi de 18 quilômetros e tráfego no sentido Rio | Foto: Cris Oliveira

Consumidor já sente alta no quilo da batata, tomate e laranja. Pesquisar é melhor saída

POR Aline Salgado

Rio -  O protesto dos caminhoneiros na Rodovia Presidente Dutra, que começou na última quarta-feira, já interfere na distribuição de alimentos no Rio. De acordo com a Associação Comercial dos Produtores e Usuários da Ceasa Grande Rio (Acegri), o impacto é sentido nos preços dos hortifrutigranjeiros. Batata, tomate, laranja e limão já estão com preços mais altos e têm variação de 15% a 150% a saca ou caixa. Banana e ovos também sofrerão alta de preços. Segundo especialistas do setor, o aumento é explicado pela especulação dos comerciantes que contam com itens para vender e, por isso, elevam os preços dos produtos, além da natural lei da oferta e da procura. “Cerca de 95% dos caminhões com destino à Ceasa ficaram retidos na Via Dutra por conta do episódio da greve. Se não forem tomadas providências, pode ocorrer um desabastecimento da população, já que a Ceasa é a segunda central de fornecimento de alimentos do País e abastece os demais estados”, avalia o gerente operacional da Acegri, José Carlos Carvalho.

Os preços dispararam: a batata, que normalmente custa R$ 40 a saca, está chegando a R $100 — alta de 150%. Já a caixa de laranja ou limão está 30% mais cara. O tomate, que já tinha acumulado inflação, deve ter o preço estabilizado ou sofrer leve alta.

“Com o período de safra em São Paulo, imaginávamos que o valor da caixa fosse cair dos atuais R$ 120 para R$ 80. Mas, com a paralisação, tudo muda”, diz Carvalho.

Mais de 5 mil fecham a Dutra
Mais de 5 mil caminhoneiros aderiram à manifestação que atrapalha o trânsito da Rodovia Presidente Dutra, que liga Rio a São Paulo, desde a última quarta-feira. Hoje, representantes do Movimento União Brasil Caminhoneiro terão reunião com o ministro dos Transportes, Paulo Sérgio Passos. A categoria protesta contra a Lei 12.619 que regulamenta a rotina de trabalho e determina descanso de 11 horas entre duas jornadas, uma hora por dia de parada para almoço e repouso de 30 minutos a cada quatro horas rodadas.

Abastecimento de carnes e cereais ainda não está comprometido
Presidente da Bolsa de Gêneros Alimentícios, José de Souza descarta a possibilidade de um desabastecimento geral de produtos no estado. Segundo ele, carnes e cereais costumam ser estocados pelos mercados num período de até 10 dias, não sendo afetados.

“Se houver aumento desses itens, será mais por especulação do que por falta de entrega. Como o produto interno ainda viaja pelos caminhões, os hortifrútis, que são abastecidos quase que diariamente, sofrem um impacto maior nos preços”, explica.

Ele destaca ainda que, apesar de São Paulo ser o principal abastecedor de verduras, legumes e frutas, o Rio conta com o polo de produção da Região Serrana, o que deve minimizar o impacto na capital. Para o professor de Economia da Universidade Federal Fluminense (UFF), Marco Aurélio Cabral, a única solução para fugir da alta dos produtos é pesquisar entre mercados e substituir itens da dieta: “A batata pode ser trocada pela mandioca, mas quanto ao tomate, é melhor não comprar até cair o preço”.

De lupa
LEI DA OFERTA E DA PROCURAEconomista da Fundação Getúlio Vargas (FGV), André Braz orienta: “Produtos perecíveis precisam ser vendidos frescos, logo se o consumidor não levar, o preço recua para forçar a venda no prazo de validade”.

HORTALIÇAS — Como as folhas são vendidas por pequenos e médios produtores, a tendência é que a especulação sobre o valor do produto seja maior. Logo, a transferência de preços não deve demorar a chegar no consumidor.

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