Policial de UPP é expulso e 12 estão na corda bamba

O ‘caveirinha’ é menor e mais leve que os outros blindados da PM | Foto: Severino Silva / Agência O Dia

POR Maria Inez Magalhaes Vania Cunha

Rio - Poucas horas após 12 PMs da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Mangueira/Tuiuti serem presos acusados de extorquir morador com drogas em casa, a Polícia Militar expulsou da corporação, também nesta quarta-feira, o primeiro PM lotado em UPP desde o início do projeto, em 2008. Acusado de homicídio, o então soldado Allan Coelho Monteiro, 29 anos, era da UPP Formiga, na Tijuca. Se as denúncias contra os 12 PMs forem confirmadas, eles podem ser excluídos em 15 dias, como prevê o decreto 43.462, de fevereiro, que regula o Conselho de Disciplina da PM e bombeiros do Rio.

Allan é acusado de matar o comerciante Rafael Antônio César Dias, 34 anos, durante briga de trânsito na Rodovia Washington Luiz, em Vila São Luiz, Duque de Caxias, dia 15 de novembro de 2011. Ele estava dirigindo, pela contramão, um Honda City roubado e com placa clonada.

O ex-soldado bateu no Voyage da vítima, houve discussão e Allan atirou em Rafael. Ele fugiu deixando os documentos carro. Allan foi condenado a 23 anos de prisão pelo 4º Tribunal do Júri de Duque de Caxias.
“Assinei a expulsão após saber da condenação dele”, disse o comandante das UPPs, coronel Rogério Seabra. A prisão dos PMs da Mangueira é administrativa e termina amanhã, mas pode se estender. Doze policiais recém-formados que estavam na Rocinha já foram transferidos para a Mangueira. Os PMs negaram o crime, em depoimento.

A vítima da suposta extorsão, identificada como Lincoln, admitiu que tinha cocaína em casa e que os policiais levaram a droga, dois celulares e exigiram R$ 3,5 mil para não levá-lo à delegacia. O valor teria sido pago pelo pai dele. O material não foi encontrado.

“Essas prisões são um recado a policiais de nossa intolerância”, disse Seabra. Ontem, a Polícia Federal apreendeu caminhão com 200 quilos de maconha em Nova Iguaçu. Segundo a PF, parte da droga iria para a Mangueira.
PM no lugar do Exército na Penha. Caveirão menor é a nova sensação
A Polícia Militar substituiu nesta quinta-feira a Força de Pacificação do Exército, que ocupava, há cerca de um ano e meio, a Vila Cruzeiro e o Parque Proletário, no Complexo da Penha.

Com isso, o Exército encerrou sua participação na quarta e última etapa do processo de instalação das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) na região. A ação teve como novidade os testes de novos blindados pelo Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope).

Os ‘Caveirinhas’ foram a sensação da operação. Com motor americano e tecnologia israelense, os ‘Sandcats’ são menores, mais leves e adaptáveis ao terreno, já que possuem câmbio automático e sobem com facilidade as vielas. Transportam de 8 a 12 policiais e ultrapassam barreiras criadas por traficantes.

Cerca de 500 policiais vasculharam a comunidade em busca de criminosos desde às 5h. As bandeiras do estado do Rio e do Brasil foram hasteadas. Um contêiner colocado na Praça do Cruzeiro será a base provisória.

Com motor americano, Caveirinha está em teste e tem mais facilidade para acessar becos em favelas do Rio | Foto: Severino Silva / Agência O Dia 

As sedes das UPPs Vila Cruzeiro e Parque Proletário serão inauguradas em um mês, com 300 e 200 soldados, respectivamente. Moradores se mostraram receptivos e repassaram denúncias, e crianças tiraram fotos com policiais.

Vídeo de jornal espanhol mostra PM baleado no São Carlos
A resistência de traficantes em comunidades pacificadas, que ainda travam duros confrontos com a polícia, foi registrada por cinegrafista do jornal espanhol ‘El País’ e divulgada pelo mundo. Filmado na madrugada de 7 de maio, o vídeo mostra intenso tiroteio entre PMs e bandidos e o desespero de policiais da UPP do Complexo de São Carlos, no Estácio, para socorrer colega ferido por tiro em uma das pernas. O drama do soldado ferido faz um dos PMs chorar.

A reportagem sobre o vídeo, intitulada ‘Luzes e sombras da pacificação nas favelas’, destaca que, em plenos preparativos para as Olimpíadas e Copa do Mundo, a cidade desenvolve “inovador programa de segurança que supõe giro radical na forma de tratar o problema da violência e do tráfico nas favelas”.

Veja o vídeo abaixo:


No texto, explica-se que o jornalista Rafael Sánchez-Fabrés passou quatro meses acompanhando o dia a dia das comunidades descritas como as ‘mais violentas do Rio’. Em entrevista ao DIA, em 17 de maio, o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, afirmou que o São Carlos é a mais complexa das 23 UPPs. “O problema não é entrar, é sedimentar. Mas acho que o Complexo de São Carlos é a mais complexa”, admitiu ele.

A reportagem do El País ressalta que nem tudo é cor de rosa no projeto: há o que chama de efeitos colaterais da pacificação, como abusos de autoridade e uso excessivo da força pelos policiais, além da desconfiança e receio com que alguns moradores tratam os soldados.

PM filma tráfico antes da ocupação
A Coordenadoria de Inteligência da PM usou, nas últimas duas semanas, filmadoras para concretizar o planejamento da operação de ontem. Policiais fizeram monitoramento das comunidades com câmeras, para registrar ações de criminosos que mantêm a venda de drogas na Vila Cruzeiro. Os agentes descobriram que, para despistar a polícia, os traficantes usavam baldes, bolsas plásticas e mochilas para esconder os entorpecentes, além de se reunirem em grupos menores e com pouca quantidade de drogas, no máximo, dois quilos.

A tecnologia foi a principal aliada da PM na ocupação da Vila Cruzeiro. Policiais do Bope usaram tablets (computadores portáteis) para receber e repassar denúncias com informações aos ‘caveiras’ que vasculhavam a comunidade. O perfil da unidade no microblog Twitter atualizou a população com notícias e fotos da operação em tempo real. Nesta quinta-feira, agentes percorreram ruas e vielas com 14 mandados de prisão para criminosos identificados.

Um deles acabou capturado em casa: José Cosme de Amorim, o Quito, estava dormindo, na Favela da Merendiba. Ele tinha mandado por roubo. Outros quatro homens foram presos em flagrante e um menor, aprendido. A polícia recuperou cabos de TV, duas escopetas, carregadores de fuzil, munição, 7 kg de maconha, mais de 900 papelotes de cocaína, 513 pedras de crack, 29 motos, três veículos e estourou ‘gatonet’. A PM promete apertar o cerco em favelas dominadas pelo Comando Vermelho em Niterói, São Gonçalo e na Baixada, para tentar prender fugitivos da Penha.

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