quarta-feira, 27 de junho de 2012

Dinheiro da campanha de Perillo é de caixa 2, diz jornalista à CPI

uipi.com.br/Divulgação.

Ricardo Britto, da Agência Estado, e Lilian Venturini, do estadão.com.br. 

O jornalista Luiz Carlos Bordoni afirmou, em depoimento à CPI do Cachoeira, ter recebido “dinheiro sujo” para quitar uma dívida de campanha do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). “Eu trago aqui a verdade dos fatos. Pelo meu trabalho limpo eu fui pago com dinheiro sujo”, disse, durante a sessão desta quarta-feira, 27. 

O jornalista faz referência a depósitos que foram feitos por empresas ligadas ao grupo do contraventor Carlinhos Cachoeira. A reunião ainda está em andamento. Em abril de 2010, Bordoni afirmou ter fechado verbalmente numa conversa com Perillo sua atuação da campanha, na área de rádio. Sem contrato, ele disse que acertaram que a participação seria de R$ 120 mil na campanha e R$ 50 mil de bônus pela vitória

Segundo o jornalista, R$ 80 mil foram pagos durante a campanha, metade deles pagos em espécie pelo governador – o dinheiro estaria num envelope amarelo, guardado dentro de um frigobar. Bordoni disse que, parar receber o restante da dívida, repassou a conta de sua filha, Bruna, para o ex-assessor especial de Perillo Lúcio Fiúza. “Ao Lúcio foi dado a conta de Bruna. Não a cascatas ou a cachoeiras”, disse. 

No dia 14 de abril de 2011, ele afirmou que a conta da filha recebeu em um depósito de R$ 45 mil feito pela Alberto & Pantoja. O restante foi pago pela Adécio & Rafael Construtora e Terraplanagem. O jornalista, que colocou à disposição da CPI seus sigilos bancário, fiscal e telefônico, disse nunca ter se preocupado “quem depositou” os recursos. “Para que e por que eu iria mentir, meus amigos? Eu fiz um pacto com meu amigo Marconi. Quem tem amigos como tal, não precisam de inimigos”, afirmou. 

Para ele, Perillo “faltou com a verdade” no depoimento que prestou à CPI, negando o caixa dois da campanha. Bordoni, que trabalha para o governador desde 1998, desafiou Perillo a sustentar a versão de que só recebeu R$ 33 mil na campanha, por meio da empresa Arte Mídia. O jornalista mostrou o contrato que o governador disse ter firmado com ele. E ressaltou que o documento não traz qualquer menção a ele. “Se os senhores identificarem neste papel onde está escrito o meu nome, eu engulo esta folha”, afirmou. 

O jornalista disse que Cachoeira tem um “governo paralelo” e que o “jogo do bicho”, uma contravenção penal, é comum no Estado. “Ele corre frouxo em Goiás”, afirmou. 

Outros depoentes
Na sessão desta quarta, estavam previstos os depoimentos de: o depoimento Jayme Eduardo Rincón, ex-tesoureiro da campanha do governador em 2010, e Eliane Gonçalves Pinheiro, ex-chefe de gabinete de Perillo. A defesa de Jayme Rincón, no entanto, pediu adiamento do depoimento alegando motivos de saúde. Já ex-chefe de gabinente do governador compareceu, mas fez uso do direito constitucional de ficar em silêncio. Rincón é suspeito de ter recebido R$ 600 mil do grupo de Cachoeira. Eliane Gonçalves teria repassado informações sobre operações policiais aos investigados pelas operações Monte Carlo e Vegas

Nessa terça-feira, das três testemunhas convocadas, se dispôs a falar apenas o arquiteto Alexandre Milhomen, responsável pela reforma na casa onde foi preso o empresário goiano Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Lúcio e Écio conseguiram no Supremo Tribunal Federal habeas corpus garantindo o direito de permanecer em silêncio. À comissão, o arquiteto afirmou que foi contrato pela mulher de Cachoeira, Andressa Mendonça, o que, na avaliação da CPI, indicaria a relação entre o contraventor e o governador de Goiás.

http://www.ejornais.com.br/jornal estadao

Nenhum comentário:

Postar um comentário