CPI do Cachoeira prepara convocação de Cavendish na próxima semana
Depoimento do principal acionista da Delta Construções pode ocorrer antes do recesso parlamentar.
Eugênia Lopes - O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA - A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do
Cachoeira deve aprovar, na semana que vem, requerimento de convocação do
empresário Fernando Cavendish, principal acionista da Delta
Construções. Com a convocação, a cúpula da CPI espera responder às
críticas de que a comissão não investiga as relações da empresa com o
esquema do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira.
Declarada inidônea pela Controladoria-Geral da União, a Delta é a
principal empreiteira do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do
governo federal. A ideia é que o depoimento de Cavendish ocorra antes do
início do recesso parlamentar, que começa no dia 18 de julho. Se
aprovada a convocação na sessão administrativa da próxima quinta-feira,
dia 5, a ida do empresário deverá ocorrer na semana seguinte,
provavelmente entre os dias 10 e 12 de julho. "Estou tratando desse tema
(convocação Cavendish) e vamos enfrentá-lo na próxima reunião
administrativa", afirmou o relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG).
Pagot. Os partidos aliados do governo na CPI não
devem, no entanto, permitir a aprovação da convocação do ex-diretor do
Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz
Antônio Pagot. Os governistas alegam que Pagot não tem ligação com o
esquema de Cachoeira e, por isso, não há motivos para sua ida à CPI. Há
duas semanas, os governistas impediram a convocação tanto de Cavendish
quanto de Pagot. Na ocasião, o adiamento da convocação de Cavendish foi
aprovado por margem apertada de votos: 16 a 13. A de Pagot foi por 17 a
13.
Com a provável aprovação da convocação do empresário, os integrantes
da CPI esperam dar uma injeção de ânimo nos trabalhos da comissão. Esta
semana foi considerada perdida pela CPI, pois a maior parte dos
depoentes optou por ficar calada. E, os que falaram, pouco acrescentaram
às investigações. Ao longo da semana, a CPI serviu mais uma vez para palco de disputa
política entre PT e PSDB. Os tucanos acusam o relator Odair Cunha de ser
"parcial", ao afirmar que há provas de que integrantes do governo do
tucano Marconi Perillo (Goiás) integravam o esquema criminoso de
Cachoeira. Já os petistas alegam que o PSDB quer tapar o sol com a
peneira ao não aceitar o envolvimento do governo tucano com o
contraventor.
‘Perseguição’. Nesta quinta-feira, 28, Perillo
engrossou o coro dos descontentes com a condução dos trabalhos da CPI
por Odair Cunha: o governador se disse vítima de "perseguição política"
por parte do relator. Marconi afirmou que Cunha "não pode ser cabo de
chicote de ninguém" e tem de agir "como relator isento". Irritado, Cunha
reagiu: "Não vou me intimidar com qualquer tipo de declaração, de
qualquer pessoa". E afirmou que "continuará investigando a organização
criminosa".
"Infelizmente, esta organização criminosa está no governo de Goiás.
Espero do governador que ele colabore com a investigação, que as pessoas
que são submetidas às ordens dele ou serviram ao seu governo venham
aqui, colaborem conosco e que ele coloque as Polícias Civil e Militar do
Estado dele para combater a contravenção. É o que eu espero dele",
disse Cunha.
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