Usuários passam aperto nos banheiros públicos

No Parque Guinle, Silvia reclama da falta de banheiro que funcione | Foto: Diogo Dias / Agência O Dia

De nove cabines testadas pelo Repórter X, cinco estão fora de uso por terem portas que não abrem ou não fecham e até por falta de ligação com a rede de esgoto 

Rio - Quem precisa de banheiro público no Rio passa aperto. Das nove cabines — que custam de R$ 0,50 a R$ 2 — testadas pelo Repórter X nas zonas Sul, Norte e Centro, cinco estão fora de uso: em duas as portas não abrem; em outras duas, não fecham e uma nem sequer está ligada à rede de esgoto. Usuários sofrem até com equipamentos sem defeito, mas sujos e com mau cheiro. Falta de privacidade incomoda quem recorre a um dos dois banheiros na Praça Santos Dumont, na Gávea. Sem tranca na porta, muitos usuários perdem os R$ 0,50 depositados antes de perceber que a cabine não fecha. 

“Já ouvi muita reclamação de pessoas que depositaram a moeda à toa. Pior é usar o banheiro e ser flagrado em situação constrangedora”, comenta o distribuidor de panfletos Francis Júnior, 30 anos, que mesmo apertado prefere caminhar três quarteirões até um shopping

Bares lucram
Na Praça General Osório, em Ipanema, o comércio lucra com o problema. O equipamento está quebrado e bares da redondeza cobram R$ 2 pelo uso do banheiro.

“Chego à praça pouco depois da meia-noite e só vou embora depois das 14h. Não tem como trabalhar esse tempo todo sem banheiro”, diz a feirante Regina Célia Braz, 51.

No Largo da Carioca, no Centro, a cabine está sempre quebrada, fazendo cariocas como o taxista Norberto Júnior, 32, pagar R$ 2 — quatro vezes mais que os R$ 0,50 do serviço público — para usar o banheiro do Edifício Central.

“É mais caro, mas vale a pena, é limpinho. A cabine é impraticável, está em estado deprimente. Nem quando estou apertado dá para usar”, comenta Norberto. A cabine do Largo da Carioca funcionou durante o teste de O DIA, mas estava muito suja. Os outros equipamentos que funcionaram estão na Praça Afonso Pena, na Tijuca, e dois na sede da prefeitura.

Equipamento está sem uso há mais de ano
Instalado há mais de um ano, equipamento da Praça 15 ainda não foi inaugurado por não estar ligado à rede de esgoto. Alvo de vandalismo, já está corroído. “Pessoas se escondem atrás dele para fazer as necessidades no chão”, contou jornaleiro no local.

No Parque Guinle, em Laranjeiras, o banheiro devolve moedas sem abrir a porta.“É uma pena. Poderia ficar mais tempo aqui se estivesse funcionando”, lamenta a atriz Sílvia Miranda, 32 anos, com a filha de 11 meses.

Gerente de Operações da Clear Channel, concessionária do serviço municipal, Marcelo Cavalcanti alega mau uso e vandalismo. Segundo ele, os 35 equipamentos passam por vistoria e limpeza duas vezes ao dia. A prefeitura afirma que mantém fiscalização regular dos banheiros. “Quando há irregularidade, a empresa é notificada e, no caso de não atendimento às recomendações de reparos, é multada”, disse em nota. No caso da Praça 15, a Clear Channel afirma ter pedido a transferência do equipamento para a Lagoa Rodrigo de Freitas ou Humaitá.
Cobertura de Diogo Dias
O Repórter X é seção do jornal O DIA em que o repórter testa, de forma anônima, um serviço público oferecido à população do Rio de Janeiro
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