'Não tenho medo da quebra de sigilo da Delta', afirma Cabral
Cabral falou pela primeira vez sobre o caso Delta durante a inauguração da quarta UPP do Alemão | Foto: Severino Silva / Agência O Dia
POR Maria Inez Magalhaes
Quarta UPP do Alemão
Rio -
O governador Sérgio Cabral (PMDB) participou na manhã desta
quarta-feira da inauguração da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) do
Alemão, que atenderá além do Morro do Alemão a comunidade da Pedra do
Sapo. Durante o evento, ele comentou as denúncias e a possibilidade de
convocação para depor na Comissão Parlamentar de Inquérito que investiga
a ligação entre Carlinhos Cacheira e o senador Demóstenes Torres (sem
partido-GO).
Segundo ele, não há necessidade de que ele se ofereça para dar
esclarecimentos, pois seu nome não teria sido citado em nenhum momento
das 250 mil horas de telefonemas gravados pelas escutas da Operação
Monte Carlo.Quando questionado sobre a quebra de sigilo da empresa
Delta, Cabral afirmou que não teme nada e que não mistura
suas relações pessoais com suas escolhas políticas. "Não tenho medo da
quebra de sigilo (das contas nacionais) da Delta. Meu governo é
impessoal. Não existem ligações minhas com pedido para beneficiar
empresas A, B ou C", disse.
Quarta UPP do Alemão
A Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP) inaugurou nesta manhã, a
quarta UPP do Complexo do Alemão. De acordo com a assessoria da
Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), a nova UPP vai beneficiar
assim cerca de 20 mil moradores, segundo projeção do Instituto Pereira
Passos (IPP).
A UPP terá um efetivo de 320 policiais e para comandar a tropa foi
escolhido o capitão Joel Duarte Costa Filho, que durante pouco mais de
um ano e meio foi subcomandante da UPP Macacos. Esta será a quarta UPP
instalada no Complexo do Alemão, que já conta com as UPPs Fazendinha,
Nova Brasília e Adeus/Baiana. Segundo prevê o programa de pacificação da
Secretaria de Estado de Segurança, os complexos do Alemão e da Penha
contarão com um total de oito UPPs até o fim de julho.
Quarta Unidade de Polícia Pacificadora foi inaugurada no Alemão | Foto: Severino Silva / Agência O Dia
Participarão da inauguração o secretário de Estado de Segurança, José
Mariano Beltrame; o comandante geral da Polícia Militar, coronel Erir
Ribeiro Costa Filho; e o coordenador-geral de Polícia Pacificadora,
coronel Rogério Seabra. O local escolhido como sede provisória da UPP
Alemão foi o Largo da Canitar, que fica na Rua Canitar, nº 710, Morro do
Alemão, Inhaúma, Zona Norte do Rio. Esta será a 23ª UPP do Estado.
Breve perfil do comandante
Breve perfil do comandante
O capitão Joel Duarte da Costa Filho, de 30 anos, está na Polícia
Militar há nove anos. Antes de ser escolhido para comandar a UPP Alemão
ele trabalhou no 31º BPM (Recreio), ficou dois anos no Módulo
Operacional de Vias Especiais (Move) e dois anos no 22º BPM (Maré), onde
comandou uma companhia e foi oficial de operações. Trabalhou ainda no
15º BPM (Caxias) e, antes de assumir o comando da nova UPP, foi
subcomandante da UPP Macacos, onde estava desde a inauguração da
unidade, em 30 de novembro de 2010.
Convocação de governadores
A CPI do Cachoeira tem tido sessões tensas, pois estão sendo analisados
requerimentos de convocação dos governadores Marconi Perillo (PSDB-GO),
Agnelo Queiroz (PT-DF) e Sérgio Cabral (PMDB-RJ), agravada pela
denúncia de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria
pressionado um ministro do STF para adiar o julgamento do mensalão.
Desde o começo dos trabalhos da comissão, há mais de um mês, há pressão
para convocar Perillo, Queiroz e Cabral, mas os partidos a que
pertencem têm resistido a colocar os requerimentos em votação. Perillo e
Queiroz têm situação mais delicada, porque são citados nas
investigações das operações Vegas e Monte Carlo, da Polícia Federal, que
deram origem à CPI mista.
O governador de Goiás disse a aliados que aceita ir à CPI, mas o
relator da comissão, deputado Odair Cunha (PT-MG), tem dito que, nesse
momento, um depoimento dos governantes não contribuiria para as
investigações parlamentares. Antes, ele quer analisar os documentos e
quebras de sigilos bancário, fiscal e telefônico de pessoas e empresas
ligadas a Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, que está preso
desde fevereiro acusado de explorar jogos ilegais.
Perillo enfrenta a suspeita de que teria negociado um imóvel com
Carlinhos Cachoeira por intermédio do ex-vereador do PSDB Wladimir
Garcez, único depoente que prestou algum esclarecimento à CPI até agora,
mesmo não tendo respondido aos questionamentos dos parlamentares. Os
demais se mantiveram calados. A Polícia Federal também acusa Perillo de
nomear pessoas indicadas por Cachoeira para órgãos do governo. A
convocação de Queiroz também pode ser aprovada para que ele explique a
relação de membros do seu governo com Cachoeira, já que não há menção
nas investigações da PF que apontem uma ligação direta do petista com o
contraventor.
A bancada do PT trabalha para evitar a convocação do governador do DF e
pode conseguir votos suficientes para derrubar o requerimento se atrair
os peemedebistas para um acordo, que evitaria também a convocação de
Cabral. O governador do Rio não é citado nas investigações, mas é amigo
pessoal do ex-presidente da construtora Delta Fernando Cavendish. A
empresa é um dos focos de investigação da CPI, que deve aprovar um
requerimento na terça também pedindo a quebra do sigilo bancário, fiscal
e telefônico da empreiteira em âmbito nacional.
A proximidade de Cabral e Cavendish fez com que a Procuradoria Geral da
República (PGR) pedisse informações sobre os contratos operados pela
empresa no Rio de Janeiro. O peemedebista tem conversado com aliados
desde o começo da CPI e pedido "solidariedade", num sinal claro para não
depor na comissão. "Há disposição da base para chamar somente o
Perillo", disse o líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR). "Vamos
insistir para que não se aponte apenas um alvo", acrescentou.
O relator da CPI deve pedir também a quebra de sigilos bancário,
telefônico e fiscal de três deputados que teriam relação próxima com
Cachoeira: Sandes Junior (PP-GO), Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) e
Stepan Nercessian (PPS-RJ).
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