Lula insiste em minimizar mensalão, diz FHC
Fernando Henrique Cardoso (Foto: Divulgação)
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Para tucano, ex-presidente tentou 'tapar o sol com a peneira' se de fato pressionou Gilmar Mendes para atrasar julgamento de processo
Cláudia Trevisan, correspondente de O Estado de S.Paulo
PEQUIM - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva tentou "tapar o sol com a peneira", caso tenha realmente pressionado o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes a adiar o julgamento do mensalão, afirmou nessa quinta-feira, 30, seu antecessor, o tucano Fernando Henrique Cardoso.
"[O Lula] tem a tese de que o mensalão foi uma farsa, desde aquela
declaração que deu em Paris [em 2005], com a qual tentou minimizar o
mensalão. Se ele fez isso, e eu não posso afirmar porque não tenho
dados, ele está insistindo na mesma tese", declarou FHC em Pequim.
Ressaltando não saber o que ocorreu no encontro entre Lula e Mendes, o
tucano observou que "tentativas de tumultuar uma decisão dessas, de
qualquer dos lados, não ajudam".
Segundo ele, "o Brasil avançou muito e chegou o momento em que essas
coisas [o julgamento] têm que ser encaradas com naturalidade, com
normalidade". O ex-presidente foi responsável pela nomeação de Gilmar
Mendes para o STF, em 2002.
Se Lula ainda fosse presidente, a eventual pressão sobre o STF seria
ainda mais "ilegítima", ressaltou. "Como cidadão, ele tem até mais
liberdade. Ainda assim, acho que temos que guardar a distância
necessária para que as instituições tenham sua respeitabilidade",
afirmou.
"O que é importante é que haja um julgamento. É o que país todo
espera, que haja um julgamento e que o julgamento seja correto, que o
que está lá nos autos seja objeto de sanção", ressaltou o ex-presidente.
"O país espera que o Tribunal atue com independência e objetivamente
nos diga, 'é verdade' ou 'não é verdade'."
O tucano estava em Pequim para falar a empresários e investidores em
encontro promovido pelo banco Itaú. A instituição financeira não
informou jornalistas brasileiros baseados na capital chinesa sobre o
evento. Representantes do banco chegaram a afirmar que os
correspondentes estavam "proibidos" de entrevistar o ex-presidente, o
que se mostrou inócuo quando o próprio se dispôs a falar.
http://www.estadao.com.br
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