Quadrilha de agiotas faturava cerca de R$ 500 mil por mês

Policiais da 71ª DP (Itaboraí) cumpriram 12 mandados de prisão | Foto: Fabio Gonçalves / Agência O Dia

Grávida alugava conta bancária aberta em seu nome para acusados e recebia R$ 50 a cada R$ 300 depositados
POR Bruno Menezes

Rio - A quadrilha de agiotas desarticulada por policiais da 71ª DP (Itaboraí) faturava em torno de R$ 500 mil mensais, segundo informações do delegado Wellington Pereira Vieira, que comanda as investigações. Ao todo, 15 pessoas estão presas por integrar o bando, inclusive uma mulher grávida de quatro meses. A acusada seria utilizada como "laranja", alugando uma conta bancária aberta em seu nome. Segundo o delegado, ela receberia R$ 50 a cada R$ 300 depositados na conta pelos agiotas. Diariamente eram depositados, em média, R$ 7 mil na conta. A operação para desarticular a quadrilha começou na tarde desta segunda-feira, quando dois envolvidos foram presos. Ao todo foram cumpridos 12 de 13 mandados de prisão. Sete dos suspeitos foram presos em flagrante, enquanto outros já estavam presos por outros crimes. Cerca de 35 policiais participaram da ação nas cidades de Cabo Frio, Niterói, São Gonçalo, Itaboraí e também no Rio de Janeiro. Os agentes apreenderam dois carros, vários documentos, dinheiro, notas promissórias, além de cheques.

De acordo com o titular da 71ª DP, as investigações tiveram início em novembro de 2011 e identificaram várias pessoas envolvidas nesse tipo de crime. Escutas autorizadas pela Justiça forneceram mais elementos à investigação, pois agiotas foram flagrados fazendo ameaças à vítimas. Em uma delas, o agiota afirma para uma mulher que outra pegou um empréstimo e colocou seu nome e endereço no cadastro e ainda a indicou como fiadora. A ação contou com apoio de agentes do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado do Ministério Público (Gaeco/MP), de policiais da 70ª DP (Tanguá), da 77ª DP (Icaraí) e da Coordenadoria Regional de Polícia do Interior, de São Gonçalo.

Escutas
Escutas telefônicas autorizadas pela Justiça revelaram a agressividade da quadrilha, que agia em pelo menos seis cidades:

AMEAÇA À VÍTIMA
Agiota: — Você tem quantos anos?
Vítima: — Dezessete.
Agiota: — Dezessete? Você já viveu tudo o que tinha pra viver?
Vítima: — Não.
Agiota: — Não viveu tudo o que tinha pra viver, né? Você quer viver mais, não quer?
Vítima: — Ahan?
Agiota: — Se demorar muito, não vou querer mais o dinheiro. A gente vai resolver, e vamos receber esse dinheiro de outra forma. Agiotagem é a pior raça que existe. Não tem pena de ninguém. Coração na sola do pé.

OUTRA AMEAÇA
Agiota: — Dar uma passadinha (na casa da vítima, para cobrar), meu amor? O pessoal da cobrança só dá uma passadinha quando vai esculachar, entendeu? Levar carro, botar fogo na casa. A gente só da uma passadinha quando é pra fazer isso. Eles só dão uma passadinha na casa quando é pra sequestrar uma criança, matar alguém. Aí eles dão uma passadinha.
Vítima: — E quanto que é?
Agiota: — O valor só falo quando ela tiver dinheiro pra pagar, senhora. Eu sei que é mais barato que fazer um enterro.

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