Passageiros de catamarã esperam uma hora por socorro

Enviado por TVODia em 28/11/2011 - Passageiros de catamarã reclamam da demora de atendimento

Embarcação com 907 usuários não freou e bateu em píer, deixando pelo menos 65 feridos

Rio - Desespero, dor e indignação: passageiros do catamarã Gávea I, que se chocou contra um píer na Praça 15 no início da tarde desta segunda-feira, viveram momentos de terror. O impacto da batida foi tão forte que soltou cadeiras, derrubou televisões, danificou pilastras da embarcação e jogou passageiros a distâncias de até 2 metros. Os usuários — dos 907 pelo menos 65 sofreram ferimentos — ficaram presos por quase uma hora no catamarã até começarem a ser resgatados. Passageiros, entre eles uma cirurgiã dentista e uma médica, improvisaram o primeiro atendimento aos feridos.

“As pessoas estavam desesperadas. Uma senhora bateu com a cabeça e estava ensanguentada. Não tinha luva, mas tive que fazer alguma coisa. Só pensei em ajudar. Tive que rasgar a roupa dela para que respirasse. Um outro homem estava no chão com muita dor no peito e dificuldade para respirar”, conta a dentista Daniele Lima, 38.

Segundo os passageiros, a embarcação não reduziu a velocidade ao se aproximar da Praça 15. Em pânico, passageiros chegaram a achar que o catamarã afundaria, pois entrou água, e até que havia um atirador lá. “Uma mulher gritava desesperada ‘Abaixa o ferro! Abaixa o ferro!’. Logo depois, houve a primeira batida e caí no chão. Depois, teve uma segunda batida mais forte e todo mundo caiu”, disse o comerciário Rafael Siqueira, 20. Quem estava na frente da barca correu para o fundo, e todos gritavam que a embarcação ia bater.

Após chegada de outra barca, os usuários começaram a ser imobilizados: uma ambulância chegou a transportar cinco feridos de uma só vez | Foto: Ralph Anzolin Linchoter / Agência O Dia

A professora Vanda Meneses, 51, foi uma das vítimas. “Vi as pessoas correndo para o fundo do catamarã e tentei correr também, mas caí com a batida e as pessoas caíram em cima de mim. Fiquei apavorada, com medo de morrer”, disse Vanda, que foi atendida no Hospital Salgado Filho.

O gerente de Logística e Atendimento ao Cliente da Barcas S/A, Mário de Góes, foi vaiado pelos passageiros e garantiu que havia socorristas no Gávea I, mas não soube dizer quantos. A concessionária disse que a comandante da embarcação, Núbia Gomes, é experiente. O comandante do Grupamento de Socorro de Emergência do Corpo de Bombeiros, coronel Gabriel Obeid, não sabia se havia socorristas na barca. A Capitania dos Portos e a Agetransp investigam o acidente.

Impacto arremessou mulher a dois metros

A servidora pública Marcia Rosseti, 36 anos, foi arremessada por dois metros na hora do impacto. “Muitas pessoas foram projetadas para frente caindo umas por cima das outras. Só depois tive noção de que havia muita gente machucada”. Marcia disse ainda que falta equipamento para atendimento médico no interior das barcas. “Tivemos que ficar esperando ajuda”, contou Márcia, que deixou o Hospital Souza Aguiar, no Centro, com um colar cervical. Moradora de São Gonçalo, a lojista Marlete Romão, 64 anos, quebrou a perna após a colisão e ainda teve que esperar uma hora para o socorro chegar.

“Fiquei muito tempo no chão até que o bombeiro me colocou na maca e me levou para o hospital”, completa Marlete, que teve a perna engessada também no Souza Aguiar.

Menos barcas na hora de pico

O acidente fez a Barcas S/A retirar viagens extras na linha Praça 15-Niterói entre 17h30 e 20h e de 7h às 10h. “Sugerimos que nesses horários o serviço seja evitado nos próximos dias, pois operamos com 80% da capacidade”, diz nota da concessionária. O Gávea I ficará fora de operação por tempo indeterminado. O deputado Gilberto Palmares (PT), que presidiu a CPI das Barcas em 2009, disse que uma comissão da Alerj vai acompanhar as investigações.

Enviado por TVODia  - Passageiros ajudam no resgate das vítimas

“Acidentes como esse já aconteceram e voltarão a ocorrer. Há falta de manutenção adequada das embarcações, que operam em número insuficiente, e estresse da tripulação por causa do grande número de viagens”, justificou.

Reportagens de Francisco Edson Alves, Lívia Aragão e Pâmela Oliveira
http://odia.ig.com.br

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