Família de agiotas espalhava medo em cidade da Região Metropolitana

Quadrilha de agiotas usava águia de gesso para marcar casas de suas vítimas | Foto: Lucas Figueiredo / O São Gonçalo
POR BRUNO MENEZES

Rio - Uma família de agiotas que agia e espalhava medo em Itaboraí, na Região Metropolitana do Rio, foi alvo de agentes da 71ª DP (Itaboraí), na manhã desta terça-feira— pai e filho, além de uma terceira pessoa, foram presos. Segundo a polícia, os acusados emprestavam dinheiro a juros exorbitantes e, depois, ameaçavam e extorquiam os devedores. O símbolo da audácia dos criminosos era uma águia estrategicamente posicionada na fachada ou no telhado de imóveis na cidade.

Nessas casas, o grupo colocava uma águia de gesso, para identificar que os moradores foram expulsos e que as casas passaram a ser dos criminosos”, explicou o delegado Wellington Vieira.

De acordo com as investigações, Osmar Raimundo da Costa, de 49 anos, e filho dele, Cássio Gabriel da Costa, 22, estão por trás do assassinato do gari Paulo Roberto dos Santos, o Baiano, 51, em maio. Eles foram capturados nesta terça-feira, assim como José Carlos Ferreira da Silva, 52, conhecido como 2000, apontado como cobrador do bando

O gari pediu R$ 250 como empréstimo no início de 2010. Em abril deste ano, a dívida estava em R$ 3 mil. No mês seguinte, foi assassinado com um tiro na cabeça, quando varria a Rua 17, no bairro do Itambi. Ainda segundo o delegado, Osmar seria o mandante da morte do gari. O assassino, no entanto, ainda não foi identificado. O segundo filho envolvido na agiotagem, identificado como Osmar da Costa, 25, fugiu e é considerado foragido. O trio deverá responder por formação de quadrilha, homicídio e extorsão.

Vítimas entregavam cartões de banco e do Bolsa Família

Como garantia para liberar o empréstimo, Osmar e os filhos exigiam que os ‘clientes’ entregassem cartões bancários de contas salário e até do Bolsa Família, com as senhas, para a realização de saques. E, por conta das ameaças sofridas pelas vítimas, a polícia suspeita que algumas delas foram obrigadas a transferir imóveis para os criminosos: “Na casa de Osmar havia escrituras de casas da região. Caso seja comprovada a coação no repasse dos imóveis, as vítimas poderão reaver os bens”, disse o delegado. “Após reunir três testemunhas e checar informações do Disque-Denúncia, pedimos a prisão temporária dos três, por 30 dias”.

Águias eram guardadas em loja

Osmar e os filhos, segundo as investigações, também são donos de uma loja de material de construção em Itaboraí. Era lá que a família de agiotas recebia seus clientes, realizava os empréstimos e guardava as águias de gesso, que, em seguida, eram colocadas nos telhados das casas tomadas pela quadrilha como pagamento pelos empréstimos concedidos. Por conta disso que a operação desta terça-feira, que contou com agentes da Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (CRPI) e da 70ª DP (Tanguá), foi batizada de Águia de Itambi. A polícia busca ainda um quarto integrante do bando, que também teria a função de cobrar as dívidas das vítimas.

Esperamos chegar até ele com os depoimentos ou através de mais ligações ao Disque-Denúncia (2253-1177), já que são anônimas”, disse Wellinton Vieira.

Dinheiro, cheques, cartões e joias

Na casa de Osmar, além das escrituras apreendidas, a polícia também recolheu 200 notas promissórias, cheques em nome de terceiros, aproximadamente R$ 4 mil, cartões do Bolsa-família e bancários, vários cordões e anéis de formatura de ouro, além de livros de contabilidade, com os nomes e as dívidas das vítimas. A polícia também prendeu uma picape Hilux. “Precisamos agora de mais depoimentos de vítimas, para montarmos como funcionava o esquema e chegar aos assassinos de Baiano”, disse o delegado.

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