Governo quer mudar o rendimento da poupança

Arte: O Dia

Alteração seria para não desestimular as aplicações em fundos de renda fixa

Rio - O governo estuda mudar as regras do rendimento da caderneta de poupança — hoje em 6% ao ano mais Taxa Referencial (TR). A ideia é vincular a remuneração mensal à Selic, a taxa básica da economia. Pela proposta, a correção seria baseada em 80% da Selic mais a TR. Estimativas não oficiais mostram que com uma taxa hipotética de 6% ao ano o rendimento ficaria em 4,8%% mais TR ao ano.O objetivo é fazer com que a poupança não fique mais atraente do que outras aplicações financeiras conservadoras, como fundos de investimento atrelados a títulos públicos. Isso ocorreria, caso a Selic tenha tendência de queda. Mas se os juros voltarem a subir, a remuneração da poupança acompanharia a alta.

A mexida divide opiniões. Para a Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário (Ademi-RJ) e o Sindicato da Indústria da Construção Civil no Rio, a alteração não será bem-vinda por enfraquecer a poupança frente a fundos de renda fixa, principalmente títulos públicos — papéis que o governo vende no mercado para refinanciar a dívida pública. Segundo o economista e professor de Finanças do Ibmec, Gilberto Braga, quando os juros caem, o rendimento da poupança fica mais atraente do que aplicações em renda fixa. Braga lembra que a poupança tem parte fixa e outra variável, independentemente do cenário econômico, já que a remuneração é definida em lei.

O governo entra nesta discussão quando o cenário é de queda de juros. A mudança é necessária porque com taxas caindo, se perde na poupança, mas se ganha em postos de trabalho”, explica. Ele ressalta que a mudança não prejudicará o bom momento do mercado imobiliário. Os bancos buscam outras fontes de recursos para investir.

Financiamento habitacional

Os recursos da poupança são utilizados nos financiamentos rural e habitacional. Para o economista especializado em crédito imobiliário José Pereira Gonçalves é importante que a taxa de juros da economia caia: “Com a nova fórmula, se a poupança render menos que 6% ao ano, o financiamento habitacional teria que reduzir a taxa máxima, hoje, em 12% ao ano”, diz.

Para ele, o governo não deve alterar a concepção do produto, que é simples e o poupador sabe que terá a mesma rentabilidade, além de ser isento de Imposto de Renda (IR) e contar com o seguro garantia de até R$ 50 mil.
Produto de credibilidade

A caderneta tem credibilidade para população. Ela deveria ser mantida da forma que é hoje”, afirma Roberto Kauffmann, presidente do Sinduscon-Rio. Segundo ele, o governo tem que criar instrumentos para melhorar as outras aplicações e não mexer na poupança.

A fórmula está correta pela liquidez e segurança oferecidas aos poupadores”, defende José Conde Caldas, presidente da Ademi-RJ.

Ele lembra que para a habitação a poupança é confiável, capaz de proporcionar casos como o de uma senhora que comprou imóvel à vista de R$ 250 mil. Os recursos estavam na caderneta.

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