Saída de Mário Sérgio tem repercussão internacional

Ex-comandante Mário Sérgio pediu exoneração do cargo: internado após ser submetido a uma cirurgia | Foto: Alexandre Vieira / Agência O Dia

Rio - A saída do coronel Mário Sérgio Duarte do comando da PM foi noticiada por alguns dos principais meios de comunicação do mundo. A rede americana CNN, por exemplo, escreveu em seu site que ‘o principal comandante da Polícia Militar do Estado do Rio renunciou em meio a um escândalo que ligava um oficial superior e outros policiais ao assassinato de uma juiza de alto perfil’.

A agência italiana de notícias Ansa lembrou que Mário Sérgio reconheceu, na carta de demissão, o ‘desgaste institucional’ que o aguardaria por ter promovido o tenente-coronel Cláudio Luiz Silva de Oliveira.

Crise após assassinato de juíza

O estopim para a saída de Mário Sérgio foi a prisão do coronel Claudio Luiz Silva de Oliveira, acusado de mandar matar a juíza Patrícia Acioli, mês passado, quando ele era comandante do 7º BPM (Alcântara). O oficial foi nomeado para o cargo por Mário Sérgio.

Em entrevista à Rádio BandNews FM, nesta quinta-feira, Mário Sérgio afirmou que a relação dele com Cláudio foi profissional. Ele se recupera de uma cirurgia no Hospital Central da PM.

“Fizemos curso de Operações Especiais no Bope. Não tenho parentesco com ele”, garantiu, justificando a demissão. “Não há outra alternativa a não ser assumir a responsabilidade diante de comandante acusado por crime tão grave”, ressaltou, alegando que ‘sempre haverá possibilidade de erro ao escolher um comandante’. “Cláudio vinha obtendo redução nos índices de criminalidade em São Gonçalo”, justificou, exaltando o suposto fortalecimento da Corregedoria da PM. “Levamos a corregedoria do QG para São Gonçalo para que ela tivesse independência”.

Apesar do desgate, Mário Sérgio fez história à frente da PM. Foi ele quem comandou a tropa na tomada dos complexos do Alemão e da Penha em novembro. Para evitar banho de sangue, chegou a pedir aos criminosos que se entregassem. Em sua gestão foi implantada a maioria das 17 Unidades de Polícia Pacificadora (UPP). Para adequar o PM ao policiamento comunitário, reformulou curso para formar praças.

Erros, corrupção e trapalhadas

Outubro de 2009 — Na guerra do Morro dos Macacos, o coronel pede desculpas a tio de jovem assassinado após dizer que vítima estava ‘engajada’ no tráfico.

Outubro de 2009 — Imagens flagram o capitão Dennis Bizarro e o cabo Marcos Sales se apropriando de objetos roubados de Evandro João da Silva, integrante do AfroReggae, morto por bandidos em assalto.

Junho de 2011 — Em operação do 20º BPM no bairro Danon, em Nova Iguaçu, o menino Juan, de 11 anos, desaparece depois de ser baleado. O corpo foi achado em Belford Roxo.

Agosto de 2011 — A juíza Patrícia Acioli é executada com 21 tiros em Niterói. O tenente-coronel Claudio Luiz de Oliveira, ex-comandante do 7º BPM, é apontado como mandante. Outros 10 PMs são suspeitos.

Setembro de 2011 — O DIA denuncia esquema de ‘mensalão’ em que 30 policiais de UPP nos morros da Coroa, Fogueteiro e Fallet receberam propinas do tráfico.

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