É hotel, mas com toda a pinta de pensão

Hotel Soler, no Centro da Capital (Porto Alegre - RS), poderia ser cenário de um filme, mas os personagens são reais e formam uma grande família - Marcelo Oliveira.

A Casa Rosada, como é conhecido o prédio construído em 1922 no Centro da Capital, não abriga hóspedes. Hospeda moradores

EDUARDO RODRIGUES | eduardo.rodrigues@diariogaucho.com.br

Uma escada de madeira escura em caracol, paredes brancas com o pé direito alto e longos corredores. Na recepção, acomodado confortavelmente em um sofá, um gato doméstico preto com manchas brancas observa o entra e sai na portaria do prédio. O Hotel Soler (antigo Hotel Porto Alegre), localizado na descida da Rua Pinto Bandeira, no Centro da Capital, poderia ser cenário de um filme, mas os personagens são reais e formam uma grande família.

Hóspedes permanentes

A Casa Rosada, como o prédio é conhecido, não abriga hóspedes – hospeda moradores. Pessoas que chegaram para ficar uma noite, gostaram tanto do ambiente simples e acolhedor, semelhante a uma pensão, que permanecem lá até hoje. Dos 60 quartos, 43 estão ocupados – a maioria deles há muito tempo por taxistas, artistas de rua, camelôs, aposentados, profissionais liberais. O apelido do hotel foi dado em homenagem a argentinos que ali se hospedavam (a Casa Rosada é a sede do governo argentino, em Buenos Aires).

Novos personagens

Em 2003, o Diário Gaúcho publicou a primeira matéria sobre o hotel. Na sexta-feira, voltamos ao prédio para uma nova visita. Ao saber do interesse de uma nova reportagem, o sócio-proprietário Sirilio de Souza ficou envaidecido.

– Que bom, Eduardo. Pode fazer uma nova matéria sim. Fala com a Vera que ela vai ajudar vocês.

Hélio mora há 12 anos

O comerciário aposentado Hélio Gonçalves, 76 anos, é um dos "inquilinos" do edifício construído em 1922. Ele mora há 12 anos no hotel ou, como dizem os hóspedes, no lar, doce lar.

– Me separei e vim morar sozinho. Todas as manhãs eu saio para passear, tomar café, almoçar, depois volto para olhar televisão na sala de estar ou então vou para o meu quartinho – afirmou Hélio, que recebe visitas semanais dos sobrinhos.

Camareira virou recepcionista

Vera Lúcia Stoll, 48 anos, tem uma relação antiga com o prédio. Durante anos foi camareira, depois saiu. Há três retornou como recepcionista e passou a morar num dos quartos do famoso, e pouco conhecido Hotel Soler (antigo Hotel Porto Alegre) no coração da Capital. 

– Gosto das pessoas, a gente acaba se apegando e vira uma grande família. No final do ano, nos reunimos para comemorar – revela.

Serviço

O hotel tem quartos de solteiro, de casal e apartamentos (espaços maiores com banheiro exclusivo)

Oferece serviços de camareira e lavanderia

As diárias variam de R$ 20, R$ 45 e R$ 60

Os hóspedes fixos pagam de R$ 300 a R$ 480 por mês

O Hotel Soler, na Rua Pinto Bandeira, 339, está na lista de preservação do Patrimônio Histórico de Porto Alegre.
 
www.clicrbs.com.br/Diário Gaúcho


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