Comandante-geral da PM, Mário Sérgio é exonerado

Mário Sérgio sai reconhecendo sua responsabilidade na nomeação de Claudio Luiz Silva de Oliveira no Batalhão de São Gonçalo | Fotos: Carlo Wrede / Agência O Dia

Mudança de comando acontece um dia após prisão de oficial, acusado de mandar matar juíza

Rio - O coronel Mário Sérgio Duarte não é mais comandante-geral da PM. O anúncio da saída foi feito na noite desta quarta-feira, logo depois de ele receber a visita do secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, no hospital onde está internado. Mário Sérgio deixa o cargo um dia depois da prisão do ex-comandante do 7º BPM (Alcântara), tenente-coronel Cláudio Luiz Silva de Oliveira, apontado como mandante da morte da juíza Patrícia Acioli.

Mesmo contraindicado em relatório da Subsecretaria de Inteligência para assumir o comando de qualquer batalhão, o oficial foi chefiar o 7º BPM por ordem de Mário Sérgio.

“...Devo esclarecer à população do Estado do Rio de Janeiro que a escolha do seu nome, como o de cada um que comanda unidades da PM, não pode ser atribuída a nenhuma pessoa a não ser a mim”, diz a carta com o pedido de exoneração enviada ao secretário de Segurança Pública e ao governador Sérgio Cabral.

A Secretaria de Segurança ainda não divulgou quem será o novo comandante-geral, mas Beltrame já apresentou três nomes ao governador: o coronel Aristeu Leonardo, do 2º Comando de Policiamento de Área (CPA) da Zona Oeste; o coronel Alberto Pinheiro Neto, responsável pela Coordenadoria de Assuntos Estratégicos (Caes), que cuida dos projetos para a Copa do Mundo de 2014 e Olimpíadas de 2016; e o coronel Ricardo Quemento Lobasso, da Diretoria Financeira.

O pedido de exoneração de Mário Sérgio foi feito a Beltrame, que esteve por duas horas no Hospital Central da PM, no Estácio, onde o ex-comandante da corporação está internado. O oficial teria se antecipado a uma decisão que já estaria sendo articulada pelo governo em função da relação pessoal de Mário Sergio com o tenente-coronel Claudio. Por serem ‘caveiras’, os dois não teriam uma boa relação com a tropa. Em nota, Beltrame lamentou a saída de Mário Sérgio e disse que dá autonomia às chefias das polícias.

Mensalão da UPP e caso Juan

Envolvimento de policiais da UPP de Santa Teresa com o tráfico, denunciado com exclusividade por O DIA, dia 11 deste mês, também causou desgastes ao então comandante-geral, Mário Sérgio. Reportagem apontou esquema de corrupção, onde propinas fixas, mais de R$ 53 mil por mês, eram pagas a trinta policiais na Coroa, Fallet e Fogueteiro, para que o tráfico atuasse livremente. Após denúncias, os policiais foram afastados junto com o oficial chefe da UPP. Outro episódio que arranhou a imagem da corporação foi o caso Juan, em junho. Corpo do menino, de 12 anos, só foi encontrado dez dias após ter sido morto em operação do 20º Batalhão no bairro Danon. Quatro PMs foram presos.

Reportagem de Adriana Cruz e Maria Inez Magalhães
odia.terra.com.br

Veja na íntegra a carta com pedido de exoneração do coronel Mário Sérgio

Exmo Sr Secretário de Estado de Segurança José Mariano Benincá Beltrame

Dirijo-me à V. Exa para solicitar exoneração do cargo de Comandante Geral da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro. O motivo de fazê-lo se fundamenta na necessidade de não deixar nenhum espaço para dúvidas quanto a minha responsabilidade no processo de escolha dos Comandantes, Chefes e Diretores da Corporação, preservando, de quaisquer acusações injustas, as pessoas que me confiaram a nobre missão que assumi comprometido com a honra, e agora deixo, norteando tal decisão neste mesmo imperativo de valor.

Sobre o caso particular que me impõe esta decisão, o indiciamento do Tenente Coronel Cláudio Luiz Silva de Oliveira no homicídio da Juíza Patrícia Acyoli, e sua conseqüente prisão temporária, devo esclarecer à população do Estado do Rio de Janeiro que a escolha do seu nome, como o de cada um que comanda Unidades da PM, não pode ser atribuída a nenhuma pessoa a não ser a mim.

O Rio de Janeiro, senhor Secretário, está em franco processo de recuperação de sua imagem como lugar de tranqüilidade pública e paz social não por acaso, mas, seguramente pela aplicação de um conjunto de ações norteadas pela clareza das idéias.

O Estado, sua população, cada pessoa que por aqui transita em busca de paz e bem, devem continuar confiando nesta Política Pública que privilegia a vida, desconstrói o ódio e reacende esperanças. Ao tempo que vos agradeço pela confiança depositada e o apoio nos momentos mais difíceis, solicito-vos que encaminhe este pedido ao Exmo Sr Governador, a quem também explicito meus eternos agradecimentos pela oportunidade e a honra que me concedeu ao nomear-me Comandante de minha amada Instituição.

Deixo de fazê-lo pessoalmente por me encontrar hospitalizado, convalescendo de uma cirurgia.

odia.terra.com.br

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