'Vou comemorar um pouquinho e depois começar tudo de novo', diz Fabiana Murer

Phil Noble/Reuters
Fabiana Murer receberá prêmio de R$ 20 mil da CBA

Brasileira fala do título inédito para o atletismo e sobre a estratégia para conquistar o ouro em Daegu

Amanda Romanelli - O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - Confiança. Essa foi a palavra-chave de Fabiana Murer na inédita conquista do título mundial em Daegu, na Coreia do Sul. Nesta terça-feira, a atleta do salto com vara garantiu ao Brasil seu primeiro ouro no torneio, graças a marca de 4,85 m.

"Eu entrei na prova super confiante depois de ter feito uma boa eliminatória", disse a brasileira, que precisou de apenas um salto de 4,55 m para garantir sua presença na grande decisão. "Comecei a final com uma vara mais forte, apesar de ter iniciado na mesma altura (da eliminatória, 4,55 m). Vi a disputa do masculino ontem (na segunda-feira) e percebi que dava para fazer um bom resultado. A pista era veloz e eu precisava de varas mais fortes."

Eram quase 2h da manhã de quarta-feira (Daegu está 12 horas à frente do horário de Brasília) quando Fabiana atendeu a reportagem do Estado, por telefone. Ainda estava na pista em que celebrou a medalha que, de fato, ainda não colocou no peito - a cerimônia de entrega do símbolo, com direito ao Hino Nacional, será apenas nesta quarta-feira.

E, assim que receber a medalha, Fabiana já tem outro compromisso pela frente: brigar pelo bicampeonato da Diamond League. "Mas vou comemorar um pouquinho", brincou a brasileira. "Depois começo tudo de novo. Se quiser ser campeã, tem que ser assim. O sarrafo desce e eu preciso ir saltando novamente."

A última prova do circuito da Federação Internacional de Atletismo (IAAF) será disputada em Zurique (Suíça), no dia 8 de setembro. Ela é vice-líder da disputa, com oito pontos, dois a menos que a alemã Silke Spiegelburg. "Para não contar com o erro dos outros, preciso ir para Zurique e ganhar." Devido a este compromisso, Fabiana não retornará ao Brasil junto com o restante da delegação do País que está na Coreia do Sul.

Pelo título mundial, Fabiana receberá o prêmio de R$ 20 mil da Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt). Seu clube, a BM&F Bovespa, deve presenteá-la com uma barra de ouro de 1 kg (equivalente a R$ 92 mil).

ESTRATÉGIA

Para chegar ao título mundial, Fabiana precisou dar seis saltos. Começou com o sarrafo a 4,55 m, altura que ultrapassou de primeira. Também foi assim que superou 4,65 m e 4,75 m - abriu mão de saltar os 4,70 m. Quando a prova chegou aos 4,80 m, eram apenas cinco as competidoras na disputa, incluindo a recordista mundial Yelena Isinbayeva.

Fabiana saltou pressionada pela alemã Martina Strutz, que superou os 4,80 m em seu primeiro salto. A brasileira errou sua primeira tentativa. Foi quando, estrategicamente, trocou a vara que usava para uma menos flexível. Na segunda chance, passou. Como as outras três rivais - a russa Svetlana Feofanova, a cubana Yarisley Silva e Isinbayeva - ficavam pelo caminho, Fabiana já havia garantido a prata. "Mas quando passei os 4,80 m, senti que dava para buscar o ouro", admite.

Nos 4,85 m, eram apenas Fabiana e Martina. E a brasileira, de primeira, garantiu o resultado. A alemã, que havia saltado antes e errado, elevou o sarrafo a 4,90 m. Também falhou nas duas chances restantes. Fabiana tornou-se, assim, a 11.ª medalhista mundial do Brasil - a primeira mulher a ganhar uma medalha. E justamente, a de ouro. 

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