Governo investiu quatro vezes mais em reforma do Palácio Guanabara do que nos bondes de Santa Teresa


Agência O Dia - Peritos encontraram peça de bonde que se acidentou presa com arame

Obras na sede do Executivo Estadual são estimadas em R$ 20 milhões
Do R7

O governo do Estado do Rio está gastando quatro vezes mais com a reforma do Palácio Guanabara do que o valor repassado anualmente para a operação e manutenção dos bondes de Santa Teresa. Enquanto a Central, estatal responsável pelos bondes, conta com um orçamento de R$ 4 milhões por ano, a obra na sede do Executivo Estadual está avaliada em R$ 20 milhões.

As obras no Palácio Guanabara incluem a recuperação do acervo de quadros e a contratação de uma empresa especialmente chamada para reformar 92 móveis, inclusive dois sofás em palha indiana que ficam no gabinete do governador, cujas fibras tinham perdido a cor original.

O acidente que provocou a morte de cinco passageiros e feriu outros 57 no sábado (27) trouxe à tona a precariedade e o abandono na operação do sistema de bondes. O próprio governador Sérgio Cabral, que quebrou o silêncio quatro dias após o desastre, admitiu que os bondes estão sucateados.

Recorde de público em julho

No mês de julho, os bondes de Santa Teresa bateram recorde de público, com 93 mil passageiros transportados. Segundo o presidente da Central, Sebastião Rodrigues, o orçamento da estatal gira em torno de R$ 3 milhões a R$ 4 milhões por ano.

Além desse valor, o governo deveria ter investido R$ 14 milhões na modernização dos bondes, emperrada em uma batalha judicial e envolvida em uma polêmica sobre como devem ser os novos veículos. Outro problema é que o TCE-RJ (Tribunal de Contas do Estado do Rio) considerou ilegal o contrato entre a Central e a empresa privada responsável pelo projeto de recuperação do sistema de bondes.

Governo tinha outras prioridades

Nesta quarta-feira (31), o secretário Estadual de Transportes, Júlio Lopes, admitiu que o governo não investiu o suficiente porque havia outras prioridades. Questionado por que os investimentos não foram feitos antes da tragédia, Lopes que ninguém poderia imaginar que um acidente como esse pudesse acontecer.

Réu em uma ação do Ministério Público Estadual que exige a recuperação dos bondes, o governo do Estado foi condenado em 2008 a modernizar o sistema, mas recorreu da decisão pelo menos duas vezes.

Entretanto, dois meses antes, o turista francês Charles Pierson, de 24 anos, morreu após se desequilibrar e cair dos Arcos da Lapa enquanto viajava em um bonde. Em 2009, a professora Andrea de Jesus Resende, de 29 anos, perdeu a vida depois que o bonde onde estava se envolveu em um acidente entre um ônibus e um táxi.

A precariedade do sistema de bondes de Santa Teresa foi denunciada em fevereiro deste ano em um relatório feito por vereadores do Rio, que visitaram a oficina e constataram “uma situação de abandono”. O relatório com denúncias e sugestões de intervenções no trânsito do bairro foi publicado no Diário Oficial do município e entregue à Secretaria Estadual de Transportes, responsável pelos bondes.

Para a presidente da Associação de Moradores do bairro, Elzbieta Mitkiewicz, o grave acidente foi uma tragédia anunciada. Moradores acusam o governo do Estado de omissão e negligência na manutenção dos bondes.

Em nota, a Secretaria Estadual de Transportes informou que sete bondes foram modernizados e restaurados até 2009, quando o processo teve a execução suspensa após a condenação pelo TCE-RJ. Segundo a nota divulgada nesta quarta-feira (31), em 2006 foi investido R$ 1,127 milhão. Nos dois anos seguintes foram gastos R$ 7,3 milhões.

Além desse valor, o governo deveria ter investido R$ 14 milhões na modernização dos bondes, emperrada em uma batalha judicial e envolvida em uma polêmica sobre como devem ser os novos veículos. Outro problema é que o TCE-RJ (Tribunal de Contas do Estado do Rio) considerou ilegal o contrato entre a Central e a empresa privada responsável pelo projeto de recuperação do sistema de bondes.




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