sábado, 20 de abril de 2024

Comandante do Exército manda recado em defesa da democracia.


Na celebração do aniversário da força, general Tomás Paiva reafirma compromisso com Estado de Direito e repúdio à indisciplina. Evento foi o primeiro com a participação de Lula, após determinar que governo não criticaria golpe de 1964.

Victor Correia

O general Tomás Paiva deixou claro, ontem, na celebração ao Dia do Exército, o compromisso da força com os "ideais democráticos" e reforçou que a tropa é uma instituição de Estado, independentemente do matiz ideológico do governo. Ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que participou do evento, o comandante frisou que o momento vivido hoje pelos militares é outro — e bem distante daquele que marcou a presidência de Jair Bolsonaro."Ao completar 376 anos de glória, a força terrestre reafirma o eterno compromisso com a nação brasileira em defesa da Pátria e dos mais caros ideais democráticos, mesmo com o sacrifício da própria vida. Integramos uma instituição de Estado alicerçada na hierarquia e na disciplina, que se mantém coesa pelo culto a valores imutáveis. Estamos sempre prontos para garantir a soberania do País, protegendo nossas fronteiras e guardando nossas riquezas em todos os quadrantes deste imenso território", salientou o general.

Isso, porém, não o impediu de fazer uma cobrança a Lula: a necessidade de investir em reequipamento e tecnologia para as três forças. Na última quarta-feira, Paiva esteve com os outros dois comandantes militares e com o ministro da Defesa, José Múcio Monteiro, em uma audiência pública na Câmara dos Deputados,  oportunidade em que pediram aos parlamentares que incluíssem emendas ao Orçamento da União destinando recursos do Produto Interno Bruto (PIB) para investir no Exército, na Marinha e na Aeronáutica."Estar preparado para o futuro envolve, sobretudo, aprimorar o valor do soldado por meio do treinamento eficaz da dotação de materiais de emprego militar modernos. Dessa forma, a previsibilidade orçamentária é fundamental para fortalecer a base industrial de defesa e aumentar a capacidade de dissuasão em um mundo multipolar, no qual os conflitos bélicos são uma realidade", lembrou Paiva.

Segundo o comandante do Exército, "a constante evolução tecnológica nos obriga a priorizar a atração, a capacitação e a retenção de recursos humanos, formando os líderes do amanhã por intermédio de um consagrado sistema de ensino, que preserva e difunde princípios éticos, valores e tradições militares".

Teste.
Por sua vez, Lula passou pelo primeiro teste junto aos militares — menos de um mês depois de determinar que os integrantes do governo não participassem de atos em repúdio ao golpe militar, que completou 60 anos — ao participar da celebração. Isso não o impediu de ser vaiado por um grupo de pessoas que assistia ao evento, no quartel-general do Exército — onde os bolsonaristas se concentraram até o dia em que desceram a Esplanada dos Ministérios para depredar as sedes dos Três Poderes, em uma tentativa de golpe de Estado, em 08 de janeiro de 2023. O constrangimento não foi maior porque apoiadores do presidente iniciaram uma salva de palmas e cantaram músicas de apoio. Lula não discursou, mas entregou medalhas da Ordem do Mérito Militar e a Medalha Exército Brasileiro. Além dele, do ministro José Múcio e dos três comandantes militares, participaram do evento o ministro do Trabalho e Emprego, Luiz Marinho, e os senadores Randolfe Rodrigues (sem partido-AP) — líder do governo no Congresso — e Hamilton Mourão (Republicanos-RJ) — general da reserva e ex-vice-presidente da República.

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