Se condenado, ele poderá pagar até R$ 300.000,00 mil em indenizações.
Bolsonaro em palestra no Clube Hebraica.
O DIA
Rio - O Ministério Público Federal do Rio de Janeiro (MPF-RJ) protocolou, na segunda-feira, uma ação civil pública contra o deputado federal Jair Messias Bolsonaro (PSC-RJ), por danos morais coletivos. O MPF considerou que o deputado ofendeu a população negra e as comunidades quilombolas durante uma palestra realizada no último dia 3, no Clube Hebraica, em Laranjeiras, Zona Sul do Rio. Se condenado, ele pode pagar até R$ 300.000,00 em indenizações, que serão revertidas a projetos de valorização cultural e histórica das comunidades quilombolas, indicadas pela Fundação Cultural Palmares. Os procuradores da república Ana Padilha e Renato Machado, que moveram a ação, consideram que as declarações do deputado se valeram de 'informações distorcidas, expressões injuriosas, preconceituosas e discriminatórias com o claro propósito de ofender, ridicularizar, maltratar e desumanizar as comunidades quilombolas e a população negra, bem como incitou a discriminação contra esses povos'.
No Youtube, os vídeos que mostram na íntegra a palestra do deputado já somam mais de 60.000 visualizações. A palestra foi realizada em um auditório lotado com mais de 500 ouvintes. Dentre outras declarações controversas, o deputado disse ter visitado um quilombo e comentou que "o afrodescendente mais leve lá pesava sete arrobas", e disse que "não fazem nada, nem para procriar servem". O MPF declarou considerar incontestável o caráter 'ofensivo, preconceituoso e discriminatório' das falas do deputado. Segundo os procuradores, "com base nas humilhantes ofensas, não podemos entender que o réu está acobertado pela liberdade de expressão, quando ultrapassa qualquer limite constitucional, ofendendo a honra, a imagem e a dignidade das pessoas, com base em atitudes preconceituosas e discriminatórias", disseram, na conclusão da ação movida. Procurada, a assessoria do deputado disse ainda não ter sido notificada da ação e não quis comentar o caso.
Moradores de Laranjeiras fazem protesto
contra Jair Bolsonaro em frente ao Clube Hebraica.
Moradores de Laranjeiras fazem protesto
contra Jair Bolsonaro em frente ao Clube Hebraica.
Protestos
No último dia 3, quando foi realizada a palestra, um grupo de manifestantes protestou em frente ao Clube Hebraica contra a participação do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) no evento. De acordo com a Polícia Militar, militares foram acionados, mas o ato seguiu de forma pacífica. Durante o protesto, os militantes gritavam palavras de ordem como: "Pela vida e pela paz, tortura nunca mais" e "Judeu não apoia facista".
Reação da Conib
Confederação Israelita do Brasil (Conib) criticou a presença do deputado Jair Bolsonaro no Hebraica. Em nota divulgada no último dia 4, a Conib não cita a falta pelo deputado, mas diz que a comunidade judaica defende "o respeito absoluto a todas as minorias".
Na íntegra da nota, a Conib afirma: "A palestra de Jair Bolsonaro na Hebraica do Rio de Janeiro na segunda-feira, 3 de abril, provocou, como se esperava, divisão e confusão na comunidade judaica. A Conib apoia o debate político e acha que ele é sempre necessário. Ainda mais neste momento de desdobramentos dramáticos da política nacional. Defendemos, porém, que esse debate tenha critérios e seja pautado, sempre, pelo equilíbrio e pela pluralidade. Nossa comunidade abriga uma grande diversidade de pensamento, e os dirigentes comunitários precisam ter isso claro para bem cumprirem seu papel. A comunidade judaica defende, de forma intransigente, os valores da democracia e da tolerância e o respeito absoluto a todas as minorias."
Reportagem da estagiária Nadedja Calado.
http://odia.ig.com.br
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