quinta-feira, 23 de março de 2017

Teleféricos do Alemão e Providência não têm data para voltar a circular


Pedro Zuazo

Parados desde o ano passado, os teleféricos do Alemão e da Providência não têm data para voltar a circular. Na Providência, o vai e vem das gôndolas foi interrompido no dia 17 de dezembro para uma manutenção periódica. Segundo a prefeitura, o serviço foi concluído, mas o contrato com a empresa que operava o equipamento chegou ao fim, e agora o município estuda fazer uma nova licitação. Já no Alemão o problema é mais antigo: a circulação foi suspensa no dia 14 de setembro por causa do desgaste de um cabo de tração e a situação se agravou quando o Consórcio Rio Teleféricos, que operava o sistema, jogou a toalha alegando que o governo do estado estava inadimplente com os repasses. Enquanto os imbróglios não se resolvem, os cerca de 14 mil passageiros que eram atendidos diariamente criam novas rotinas para se locomover. — O teleférico me deixava bem na porta do trabalho. Agora, saio meia hora mais cedo e enfrento a escadaria. Pior do que a ida é a volta, quando já estou cansada de trabalhar o dia todo — lamenta Sônia Regina Souza, de 57 anos, que mora na Providência e é funcionária de uma lavanderia na Gamboa.

Inaugurado em julho de 2014, ao custo de R$ 75.000.000,00, como parte do programa de urbanização de favelas Morar Carioca, o teleférico da Providência tem 721 metros de extensão. A estação da Praça Américo Brum, no alto da comunidade, liga à Central do Brasil e à Gamboa. Sem essa opção, as alternativas são kombi ou mototáxi, cuja passagem varia entre R$ 2,00 e R$ 5,00. Para quem não pode pagar, a opção é a escadaria do Morro da Providência. — Meus dois netos usavam o teleférico para ir à escola. Agora, o jeito é ir a pé com eles. São 40 minutos a mais na ida e na volta. Sem contar o calor do sol e o cansaço. Eles chegam suados em sala de aula — conta Gilberto Ferreira da Silva, de 64 anos, entregador de jornais.

Já o teleférico do Alemão abrange 3,5Km do complexo de favelas e custou R$ 253.000.000,00, com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Na inauguração, em 2011, foi anunciado pelo governo do estado como obra símbolo do projeto das UPPs. Seis anos depois, tornou-se ícone da grave crise vivida pelo estado. — Antes do teleférico todo mundo se locomovia como podia, mas depois a gente se acostumou com ele. Desde que acabou eu sofro com as escadas — reclama Maria Efigênia da Silva, de 63 anos, moradora da favela das Palmeiras, onde fica a última estação do teleférico.

Em nota, a Secretaria estadual de Transportes diz que o teleférico do Alemão deve voltar a funcionar no segundo semestre, mas sem data precisa. De acordo com o governo, o cabo de tração desgastado que acarretou na interrupção das gôndolas já foi adquirido, mas ainda não foi instalado. “O equipamento, fabricado sob medida no exterior, já foi adquirido. A troca ficará a cargo do operador e do fabricante e não acarretará custo adicional para o Governo do Estado”, diz a nota. Já a Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (Cdurp), responsável pela administração do teleférico da Providência, não indica nem o semestre em que o serviço deverá ser restabelecido. “O contrato anterior terminou em 31 de dezembro de 2016, e a Cdurp estuda uma nova licitação”, limita-se a informar o órgão.


Nota da Secretaria estadual de Transportes
“O serviço do Teleférico do Complexo do Alemão, administrado pelo Rio Teleféricos, deverá ser retomado no segundo semestre. Em setembro do ano passado, durante a manutenção diária, foi identificada a evolução atípica do desgaste de um dos cabos de tração, sendo necessária a paralisação preventiva do sistema, obedecendo às normas internacionais de segurança. O equipamento, fabricado sob medida no exterior, já foi adquirido. A troca ficará a cargo do operador e do fabricante e não acarretará custo adicional para o Governo do Estado”.

Nota da Cdurp
“A Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (Cdurp) esclarece que a operação do Teleférico da Providência foi suspensa para manutenção periódica do equipamento em 17 de dezembro, já concluída. O contrato anterior terminou em 31 de dezembro de 2016, e a Cdurp estuda uma nova licitação”.

http://extra.globo.com

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