domingo, 20 de março de 2016

Apoio a impeachment de Dilma cresce e chega a 68%, diz Datafolha.


FERNANDO CANZIAN
DE SÃO PAULO

O apoio da população ao impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT) cresceu oito pontos desde fevereiro. Agora, 68% dos eleitores são favoráveis ao seu afastamento pelo Congresso Nacional. Também houve um salto, de 58% para 65%, no total dos que acham que Dilma deveria renunciar à Presidência.

O percentual dos contrários ao impeachment foi de 33% em fevereiro para 27% agora. Segundo pesquisa Datafolha realizada entre os dias 17 e 18 de março, a reprovação ao governo da petista também retornou ao seu patamar recorde: 69% avaliam sua administração como ruim ou péssima. A taxa é comparável aos 71% de reprovação alcançados por Dilma em agosto de 2015, o mais alto da série histórica do Datafolha (iniciada em 1989), levando-se em conta a margem de erro de dois pontos percentuais. O instituto ouviu 2.794 eleitores em 171 municípios de todo o país.

O apoio ao afastamento da presidente cresceu em todos os segmentos pesquisados. A intensidade foi maior entre os que têm entre 45 e 59 anos (de 52% para 68%), na parcela dos que têm 60 anos ou mais (48% para 61%) e entre os eleitores mais ricos (54% para 74%). Como comparação histórica, em pesquisa Datafolha realizada nos dias 2 e 3 de setembro de 1992, a menos de um mês da votação do impeachment do ex-presidente Fernando Collor, 75% dos brasileiros defendiam a medida e 18% eram contrários a ela –7% diziam não saber opinar.

PROTESTO E COMISSÃO
A piora na avaliação de Dilma e o aumento nas taxas dos que acham que ela deveria ser afastada pelo Congresso ou renunciar se dão na sequência da maior manifestação política já registrada pelo Datafolha: um ato contra a presidente reuniu 500 mil pessoas na avenida Paulista no domingo passado (13). Na quinta-feira (17), a Câmara dos Deputados elegeu a comissão especial que analisará o processo de impeachment da presidente. Dos 65 deputados membros da comissão, 33 são da oposição ou dissidentes já declarados, com inclinação pró-impeachment. O bloco de apoio a Dilma soma 22 parlamentares. Os demais estão ainda indecisos ou em negociação sobre que posição tomar.

O levantamento do Datafolha mostra que, entre fevereiro e março, houve também alta expressiva nas parcelas dos que, independentemente da posição sobre o impeachment da presidente, acreditam que ela será afastada. No levantamento anterior, eram 60% os que não acreditavam na sua destituição do cargo. Agora, uma parcela de 47% acha que ela não será afastada pelo impeachment. Embora a saída de Dilma tenha apoio majoritário entre os brasileiros, a perspectiva de um governo liderado pelo vice-presidente Michel Temer (PMDB) não obtém o mesmo respaldo: apenas 16% acreditam que um eventual governo do peemedebista seria ótimo ou bom. Para 35%, seria ruim ou péssimo.

Em uma lista que inclui vários presidentes desde a redemocratização, Dilma também aparece à frente dos demais na percepção dos eleitores em relação ao governo em que mais houve corrupção. Para 36% dos entrevistados, seu governo é o que mais teve desmandos. Lula e o ex-presidente Fernando Collor aparecem na sequência, citados por 23% e 20% dos entrevistados, respectivamente. A corrupção também aparece na pesquisa pela segunda vez consecutiva como o principal problema do país: 37% a consideram a maior chaga, taxa superior aos 34% registrados em fevereiro.

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