segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

'Vou defender minha honra', diz Rodrigo Neves ao chegar preso na Cidade da Polícia;

O prefeito de Niterói disse que a decisão foi "monocrática" e que tudo poderia ser esclarecido "sem uma decisão de força". Segundo o MP, Neves é apontado como líder de esquema que cobrava propina das empresas de ônibus consorciadas.


Por Adriano Araujo 
e Rafael Nascimento

Rio - O prefeito de Niterói, Rodrigo Neves, preso na manhã desta segunda-feira em uma operação do Ministério Público do Rio (MPRJ) e da Polícia Civil, desdobramento da Lava Jato no Rio, chegou por volta das 09:10h na Cidade da Polícia, no Jacarezinho. Em sua chegada, com lagrimas nos olhos, ele negou as acusações de recebimento de propina do transporte público. Segundo denúncia do Ministério Público do Rio, empresas de ônibus pagaram propina de R$ 10.900.000,00 para quadrilha chefiada por Neves. "Vou defender minha honra, com respeito às instituições. Eu acho que foi uma decisão monocrática, isso poderia ser esclarecido sem uma decisão de força, mas respeito e espero que o estado democrático de direito funcione", disse. A mulher de Rodrigo Neves chegou à Cidade da Polícia 12:52h acompanhada do deputado estadual Waldeck Carneiro (PT).

De acordo com Neves, a concorrência para o setor de transportes de Niterói, cidade da qual é prefeito reeleito, foram realizadas antes de suas gestões. Segundo ele, assim que assumiu foi realizada a unificação das tarifas do município. "Se eu não tivesse feito isso, a tarifa de Niterói hoje seria de mais de R$ 4,50, bem superior à tarifa atual. Nós cobramos muito do sistema de transporte e Niterói tem hoje o sistema mais organizado da Região Metropolitana, com quase 90% da frota com ar-condicionado, coisa que não acontece em nenhuma outra cidade do Rio de Janeiro. Nós contratamos uma auditoria da Fundação Getúlio Vargas, independente, para analisar o equilíbrio econômico-financeiro. Ela apontou que as tarifas eram equilibradas e que em 2018 não deveria ter aumento, e não demos aumento. Eu realmente estou perplexo , absolutamente perplexo", concluiu.

Ao DIA o advogado Marcello Ramalho, que defende Rodrigo Neves, disse que seu cliente “está confiante de que não fez nada”. "Vamos avaliar a decisão (da justiça) para tomarmos uma medida cabível. Desconhecemos os termos no processo”, falou. Segundo o defensor, ainda hoje ele pedirá no Supremo Tribunal Federal (STF) um habeas corpus para seu cliente. O deputado federal Chico D’Angelo, aliado político do prefeito, esteve na sede da Cidade da Polícia. Segundo ele, Neves passou mal. “Eu vim como médico. Ele passou mal e a pressão dele está muito alta. Mas como eu vim correndo eu não trouxe o aparelho (de aferição de pressão), pedi que eles meçam a pressão dele. O Rodrigo está muito abalado e chorando muito”, diz Chico d’Ângelo (PDT). Neves já recebeu atendimento médico na Cidade da Polícia.

Além de Rodrigo Neves, estão presos o ex-secretário de obras de Niterói e ex-conselheiro de administração da Nittrans, Domício Mascarenhas de Andrade, o presidente do consórcio transoceânico e sócio da viação Pendotiba, João Carlos Félix Teixeira e o administrador do consórcio Transnit e sócio da auto lotação Ingá, João dos Anjos Silva Soares. Mais um empresário do ramo do transporte público rodoviário, que ainda não teve sua identidade revelada, também é alvo da operação. Após prestarem depoimentos e fazerem o exame de corpo de delito, os presos serão encaminhados à Cadeia Pública Frederico Marques, em Benfica. Eles são acusados de integrar uma organização criminosa para a prática dos crimes de corrupção ativa e passiva.

Segundo a promotoria do Ministério Público, pelo menos uma vez por ano Rodrigo Neves se encontrava com donos de empresas de ônibus em restaurantes de luxo, para estreitar os “laços de amizade” e combinar a propina. O ex-secretário Dominício Mascarenhas é apontado como o operador do prefeito.

odia.ig.com.br

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