quarta-feira, 18 de abril de 2018

O risco de Joaquim Barbosa virar uma nova Dilma Rousseff.

O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal é conhecido 
por ter um temperamento difícil e adotar um tom autoritário.


COLUNA DO FRAGA

O furacão Joaquim Barbosa, desde domingo, varreu para bem longe prognósticos tidos como certeiros sobre o vencedor da corrida eleitoral pela cadeira de Michel Temer. Mesmo sem a confirmação de que será o candidato do PSB, o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal mostrou uma musculatura impressionante para quem só avisou que tinha entrado no partido para os amigos do Facebook. O rebuliço em torno de Joaquim Barbosa faz todo sentido no momento em que os institutos de pesquisa identificam no eleitor uma monumental decepção com os "políticos que estão aí".

Barbosa é o ingrediente novo nesse caldeirão velho de guerra. E tudo indica que uma eventual candidatura dele vai embaçar, de vez, o jogo político, já devidamente embaralhado com a prisão de Lula e a certeza de que seu nome não estará na urna eletrônica em 6 de outubro. Diante da polarização extremada do espectro político, Joaquim Barbosa tem a canaleta central para correr livre, leve e solto, e que até o momento não tinha sido ocupada por nenhum outro candidato. Henrique Meirelles, Rodrigo Maia, Michel Temer, Álvaro Dias e o próprio Geraldo Alckmin tentaram, mas não conseguiram empolgar os eleitores . Assim, com uma tajetória de vida pública e privada que seduz à esquerda e à direita, o ex-faxineiro que chegou à presidência do STF tem todas as condições de ser o próximo inquilino do Palácio do Planalto.

O dilema que se põe é outro: será que alguém sem nenhuma experiência na política pode ter êxito na Presidência da República? Só o tempo dirá. Mas é evidente o risco de ver Joaquim Barbosa transformar-se numa versão masculina de Dilma Rousseff. Como até mesmo Lula já reconheceu, o principal motivo para que a ex-presidente fosse retirada do poder foi o seu isolamento político, inclusive, dentro do próprio partido. Chega a ser patético que tenha nomeado para o cargo de ministro da Casa Civil, Aloizio Mercadante, que conseguia superá-la na incapacidade de arregimentar apoios.

Apesar do modo inepto com que governou o País, Dilma caiu, essencialmente, porque não sabia ou não queria dialogar com os políticos, ou as duas coisas juntas. Com seu jeitão autoritário, de quem se acostumou a não ser contestado, e sua notória impaciência, Joaquim Barbosa pode enfrentar muitas dificuldades para governar. Na política, a saliva pode ser mais importante do que as ideias.

noticias.r7.com

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