terça-feira, 28 de março de 2017

Os impasses da esquerda


Por Marcos Augusto Almeida Nunes

O que fazer diante da situação atual: continuar na linha 
reformista ou remar contra a maré do capitalismo mundial?

No contexto atual, o que resta à esquerda? Remar contra a corrente do capitalismo mundial e ver nas ações da Polícia Federal o mérito de expor as malversações do universo do poder, por mais conhecidas que sejam para todos há muito? Ou lamentar que com essas ações se perderão empregos, tecnologias, produto interno bruto etc. e o País entrará em derrocada? Fazer uma crítica pontual das ações da Polícia Federal e exigir continuidade em uma linha política virtuosa que ela não possui, ou apontar que justamente por não possuir uma linha política virtuosa, necessariamente só produzirá resultados em conformidade com os interesses escusos, não afinados com as necessidades da nação? Essas contradições não se extirpam, pois no universo capitalista a tal esquerda no poder vive na contingência dos verdadeiros poderes além e acima do Estado: o universo da produção, da financeirização e do consumo. A verdade é que a esquerda não consegue ser esquerda de fato em um contexto de hegemonia capitalista. Cabe a ela apenas o papel de tornar o capitalismo mais humano, por meio de reformas pontuais e digeríveis pelo capital. Fica então o nó na cabeça do pensador de esquerda "realpolitiqueiro" quando vê uma ação justa corroer setores da economia, o que também quer dizer empregos de trabalhadores, empregados e subempregados do sistema, que ficarão à míngua sem ele...

Dito isso, o capitalismo nada tem a me dizer quanto a prover um sistema político, social e econômico justo para as sociedades. Sua base é o monopólio e o discricionarismo político e social. Não há democracia verdadeira sob o capitalismo, só reformismo envergonhado, como aquele que tomou o mundo pós-Revolução Russa, e por puro medo da exportação de um modelo que poderia destruir o capitalismo mundial, mas, pena, sob Joseph Stalin e seus seguidores, terminou por destruir a si mesmo.

Enquanto há utopia no campo da esquerda, no realismo político de direita, conservador ou de centro, só há submissão e medo, com classes sociais que lavam as mãos diante das desgraças e misérias que produzem, e constroem teorias que satisfazem, em parte, a manutenção de sua própria condição gerencial do sistema. Bela maneira de viver que inventaram para a gente...

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