segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Furtos de cabos de energia estão sem controle no Rio

Sindicato do setor de metais, como cobre e alumínio, alerta 
para super quadrilhas agindo contra Metrô e SuperVia.


Rotina: funcionários que prestam serviços para a 
SuperVia consertam trecho atacado por bandidos.
FRANCISCO EDSON ALVES

Rio - No último dia 12, pelo menos 100.000 passageiros do Metrô foram afetados com a paralisação das composições por cerca de duas horas e o fechamento de cinco estações. Motivo: o furto de cabos de energia na altura da Mangueira, entre as estações do Maracanã e São Cristóvão. Foi a 20ª ocorrência desse tipo de crime registrado pela empresa, que virou o mais novo alvo dos ladrões. De acordo com o Sindicato da Indústria de Condutores Elétricos, Trefilação e Laminação de Metais Não-Ferrosos (Sindicel), que representa 51 grandes empresas do setor em todo o país, incluindo o Rio de Janeiro, os ataques de bandidos se intensificaram e a situação está fora do controle da polícia. “O perfil dos bandidos mudou. Hoje, ao contrário de dez anos atrás, os bandos são capacitados em lidar com as altas cargas de energia nas linhas de transmissão e em interceptar toneladas de fiações de cobre e alumínio, metais que compõem os fios, em caminhões nas estradas. Ou seja: virou um negócio altamente lucrativo para super quadrilhas. Os chamados ‘pés de chinelo’ ou ‘nóias’ (viciados em crack) são a minoria em atuação hoje”, alerta Valdemir Romero, presidente do Sindicel.

A gana dos bandidos está no ‘valor de ouro’ do cobre e do alumínio, além da fibra ótica, no caso das telecomunicações. O preço da tonelada de cobre, por exemplo, é cotado diariamente pela London Metal Exchange (LME), a bolsa de Londres. Na sexta-feira, a toneladas estava em torno de U$ 4.600,00 (R$ 15.200,00). E o alumínio, R$ 1.500,00 a tonelada.


Câmera flagra ladrão na SuperVia.

O prejuízo anual ultrapassa R$ 20.000.000,00, com o roubo de quase mil toneladas por ano de fiações. Para dar aspecto de legalidade ao material, os bandidos vão a leilões de sucatas e compram, legalmente, toneladas de cobre velho. Recebem uma nota fiscal verdadeira, que atesta a origem daquele material. Porém, na hora de revender o metal, o ferro-velho apresenta a mesma nota mais de uma vez, para usinas diferentes. Assim, consegue escoar tanto o material comprado legalmente quanto aquele originado de furtos.

SuperVia, a mais visada
Enquanto a SuperVia, empresa mais visada pelas quadrilhas — com o registro de 391 furtos de cabos só este ano, média de três a cada dois dias — sofre com ataques na Zona Norte e Baixada, a Light, que acumula 48 casos de furtos em 2016, o dobro do ano passado, vê parte de seu patrimônio levado por ladrões no Centro e na Zona Sul. “Além de câmeras, passamos a colocar sensores de presença nas subestações e galerias, na tentativa de impedir, inclusive, mortes por choques. Como a que ocorreu no início do ano, quando um homem tentou furtar fios numa galeria próxima ao Memorial Zumbi, no Centro, e recebeu uma descarga fatal”, diz o superintendente de Campo da Light, Alexandre Pereira. Ele revela que os furtos de 240 Km de cabos nos últimos três anos já causaram, além de R$ R$ 20.000.000,00 de prejuízos, a interrupção de 365 horas de fornecimento, só este ano, o equivalente a 15 dias, para 43.000 clientes.

Acidente com fiações da SuperVia, que já teve 28 km de fios furtados, ou Metrô, pode causar descargas de até 13.000 volts numa pessoa, energia suficiente para, num circuito alimentador, iluminar três mil residências de uma só vez. Os 300 ferros-velhos clandestinos do estado são a principal fonte de receptação. A polícia alega que já prendeu mais de 100 autores este ano, mas que acabam soltos pela Justiça, que considera esse tipo de delito de pequena monta. Muitos acabam reincidindo, como Antônio Cardoso Neto, o Tatu, 43, detido duas vezes em um ano.

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