domingo, 7 de agosto de 2016

Orégano no ar


Antes uma leve impressão, hoje já é quase uma constatação a armação na Câmara para postergar a cassação de Eduardo Cunha. Se não para lhe salvar o mandato, que vai até fevereiro de 2017, mas certamente para adiar a perda do foro privilegiado. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, garantira ao tomar posse que pautaria a votação em plenário para a segunda semana de agosto. Pois bem, a primeira semana já se encaminha para o fim e o que há é apenas a data para a leitura do pedido de cassação, uma etapa importante, mas meramente regimental.

Será na próxima segunda-feira. Dia de quorum baixo. Inicia-se, portanto, a segunda semana do mês sem que tenha sido marcada a data para a votação e com os líderes da base governista dizendo que seria mais prudente só marcar para depois da votação do processo de impeachment de Dilma Rousseff, marcada para o fim do mês. “Prudente” por quê? Segundo eles, para evitar tumulto. Qual tumulto? Nenhum. O que existe mesmo é disposição de empurrar o assunto para, no mínimo, depois das eleições de outubro.

Depois de votado o impeachment, dificilmente haverá quorum na Câmara, pois os deputados estarão envolvidos nas campanhas municipais e Rodrigo Maia avisou que não pretende pôr o caso de Cunha em pauta sem a garantia da presença de pelo menos 400 parlamentares. Há, portanto, um forte aroma de orégano, queijo e tomate no ar de Brasília.

Dora Kramer
http://politica.estadao.com.br/

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