quinta-feira, 28 de julho de 2016

Bombeira poderá ser presa após fazer ensaio sensual

Mulher fez fotos para ensaio que retrata o feminismo 
em fevereiro. Decisão de prisão saiu nesta semana.


LiLian Vilas Boas.
O DIA

Curitiba - Um ensaio fotográfico poderá levar uma soldado do Corpo de Bombeiros de Curitiba à prisão por oito dias. A militar fez as fotografias para um projeto que mostra a liberdade feminina em fevereiro, no entanto, a decisão dos militares, em punir a mulher, só veio à tona nesta semana em uma decisão interna do 7º Grupamento do Corpo de Bombeiros do Paraná.


A soldado Lilian Villas Boas, de 32 anos, participou das fotos, para um projeto do fotógrafo Arnaldo Belotto, que tem como objetivo retratar a liberdade da mulher. Nas imagens, Lilian aparecia com parte dos seios à mostra. De acordo com Belotto, as imagens foram feitas após a militar saber que uma amiga havia feito o ensaio e gostar da proposta do trabalho - que não tem fins lucrativos - e mostra a liberdade feminina. As imagens foram para o site do projeto e precisou ser retirada em menos de 12 horas. "Uma delegada do Rio de Janeiro acabou printando as fotos e enviando ao comandante aqui em Curitiba", contou. "Depois disso, ela (Lilian) começou a receber ameaças e pressões dos comandantes para que as imagens fossem retiradas do ar", afirmou o fotografo. "Foi uma pena o que fizeram. Esse projeto tem como objetivo o empoderamento feminino. Mostrar a beleza e fortalecer a ideia que a mulher tem liberdade de fazer o que quiser", diz. "Engraçado que muitos bombeiros (homens) fazem ensaios para revistas masculinas e não são presos", afirma. O fotográfico classificou a decisão do 7º Grupamento do Corpo de Bombeiros como "machismo". "Isso é uma decisão idiota, um machismo dos comandantes".


A bombeira poderá recorrer da decisão, no entanto deverá responder a um processo disciplinar. De acordo com um boletim interno do 7º Grupamento, a punição foi por ela ter exposto "a intimidade e privacidade de seu corpo". A falta foi considerada média pelos superiores, culminando na pena dos oito dias de prisão. O documento é assinado pela tenente Giselle Machado, que é comandante do grupamento. Arnaldo Belotto contestou a decisão de Giselle Machado. "Não tem cabimento eles darem essa punição pra ela. Não fizemos fotos dela com o uniforme da corporação. Isso é um abuso. Essas fotos são de cunho particular", finaliza.

O DIA procurou a soldado LiLian Vilas Boas, no entanto, ela ainda não se pronunciou. Em nota, a Polícia Militar do Paraná informou que não pode se manifestar sobre o caso, pois a bombeira ainda poderá recorrer à corporação para mudar a sanção que recebeu. Sobre as acusações de que a mulher teria sofrido ameaças e pressões para que as fotos fossem retiradas, a PM se limitou a dizer que iria comentar apenas o que estava escrito na nota.

Leia a nota da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros na íntegra:
"O exercício do poder disciplinar da origem e da solução final do procedimento em relação à bombeira citada se deu no âmbito do 7º Grupamento do Bombeiro, por isso o Comando do Corpo de Bombeiros e o Comando Geral da Polícia Militar do Paraná, se instados em grau de recurso farão a reavaliação sob todas as óticas, seja dos fundamentos da punição ou em relação às suas circunstâncias e dosimetria da pena. Tanto o Comando do Corpo de Bombeiros quanto o Comando Geral da Polícia Militar do Paraná não podem emitir juízo de valor prévio, pois em algum momento podem ser provocados em grau de recurso".

Reportagem do estagiário Rafael Nascimento
http://odia.ig.com.br/

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