quarta-feira, 22 de junho de 2016

Em estado de emergência, São João de Meriti não recebe aumento de efetivo

Município tem 230 policiais. Prefeito disse que, se não houver nenhuma medida em nove dias, vai oficializar ação judicial.


Bando teria tomado o Gogó de São João, perto de onde Lucimar morreu.
DIEGO VALDEVINO

Rio - Vinte e um dias após decretar estado de emergência por falta de segurança pública em São João de Meriti, na Baixada, nenhuma medida foi tomada pelo governo do estado para aumentar o efetivo da Polícia Militar da região, que hoje conta com apenas 230 policiais. O prefeito Sandro Matos disse que se em nove dias não houver um reforço no policiamento, o município vai oficializar ação judicial, pedindo uma liminar para obrigar o estado a aumentar a segurança. Na próxima segunda-feira, Matos vai propor na Câmara Municipal uma nova manifestação contra a violência, desta vez nas praias de Copacabana ou Leblon, na Zona Sul do Rio — a última, na semana passada, reuniu milhares de pessoas. “Não houve mudanças e nem recebi uma ligação sequer do governo e do (José Mariano) Beltrame (secretário de Segurança). Se fizemos uma caminhada com 30 mil pessoas em Meriti, que não chamou atenção, faremos na Zona Sul”, avisou.

A escalada da violência na cidade tem refletido no dia a dia de moradores de vários bairros. Em Venda Velha, o síndico de um condomínio que conta com cinco mil moradores adotou uma prática inusitada. “Há dois meses instalei uma sirene num poste que é acionada quando há tiroteios aqui próximo ou qualquer tipo de violência. Orientamos a todos para não chegar tarde em casa. Dá medo morar em Meriti”, lembrou Manoel Honorato, 64 anos. Uma foto de um grupo de seis bandidos armados de fuzis e pistolas, que teria sido feita na última sexta-feira, está circulando nas redes sociais. A imagem foi feita no Morro Gogó de São João, no Centro, de onde teria saído o bando envolvido na morte de Lucimar Costa Neto. Na segunda, após ser perseguida por bandidos, o carro dela caiu no Rio Pavuna, em Meriti. Ela morreu na hora.

Ônibus é alvo de ataques
No mesmo dia em que Lucimar Costa Neto era enterrada no Cemitério de Edson Passos, em Mesquita, outros casos de violência eram registrados em São João de Meriti. Nesta terça-feira, por volta das 05:00hs., um ônibus da linha Vera Cruz, que fazia a linha Nova Aurora — Madureira, foi atacado quando passava pela Vila Rosali. Bandidos arremessaram um bloco de cimento contra a janela do ônibus, na tentativa de que o motorista parasse. Eles pretendiam assaltar os passageiros. No momento da ação, pessoas gritaram para o motorista conduzir o ônibus até o Corpo do Bombeiros, pois o bloco tinha atingido o rosto de um homem que estava sentado próximo da janela.

Em nota, a empresa Auto Viação Vera Cruz disse que o passageiro foi atendido no Hospital da Posse e em seguida, transferido para o Hospital Souza Aguiar, no Centro do Rio. “Infelizmente, o incidente não foi o primeiro. Foram registrados 12 casos semelhantes, no mesmo local e horário, com outras vítimas”, diz. Para o especialista em segurança, o ex-capitão do Bope, Paulo Storani, a onda de violência em Meriti é um retrato do Rio. “Por causa da crise, acho possível o governo não se mobilizar para ajudar Meriti”, acredita.

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