domingo, 26 de junho de 2016

Caloteiros deitam e rolam no BRT

Em algumas estações, os que não pagam já são maioria. 
VLT será teste de honestidade para o carioca.


Na Maré, entrada lateral foi forçada para ficar aberta, e 
passageiros se arriscam na pista do BRT para não pagar passagem.
GUSTAVO RIBEIRO

Rio - Restando uma semana para a inauguração do Veículo Leve Sobre Trilhos (VLT) no Centro, que terá esquema de pagamento inédito no Rio, sem cobradores e catracas na maioria dos pontos de embarque, o índice de calotes no BRT deixa dúvida se o novo modelo será respeitado. Em algumas estações do sistema já conhecido dos cariocas, os passageiros que entram sem pagar já são maioria. Durante 15 minutos na estação Vaz Lobo, do BRT Transcarioca, na tarde da última terça-feira, a equipe do DIA observou que, das 47 pessoas que embarcaram no período, 27 (57%) entraram pelas portas laterais da plataforma (que estavam abertas permanentemente), sem passar pelas roletas para efetuar o pagamento. Apenas 20 (43%) acessaram a entrada correta (pode haver casos de usuários de cartões gratuidade nesse grupo). Já na estação Penha 1, também no Transcarioca, no mesmo intervalo de tempo, oito pessoas entraram pela lateral, enquanto 50 passaram pelas catracas. Um índice de calotes de 16%. Em outra estação visitada naquela tarde no mesmo corredor BRT, a Marambaia, em igual intervalo de observação, apenas três pessoas acessaram a estação. Todas entraram irregularmente, após um homem forçar a porta lateral.


Segundo passageiros, a prática de não pagar está aumentando e o perfil do ‘caloteiro’ mudando nos últimos meses. “Antes, era mais comum ver jovens cometendo a irregularidade, mas agora é fácil flagrar passageiros mais velhos e gente bem vestida, indo para o trabalho, dando calote”, disse um passageiro que não quis se identificar. Alguns dizem que passaram a praticar o calote depois que as portas automáticas de algumas estações (que só deveriam abrir quando os ônibus se aproximam) passaram a ficar abertas 24 horas, como acontece em Vaz Lobo.


Na Estação Vaz Lobo, em 15 minutos, 27 pessoas entraram pela lateral.

Há até quem tente se desculpar colocando a culpa nos órgãos públicos pelo próprio erro. “Se a prefeitura quisesse que a gente pagasse, teria cercado as laterais das pistas”, opinou um homem de 30 anos que não quis se identificar. Ele admitiu que não tem necessidade de dar calote, mas mesmo assim o faz para economizar os R$ 3,80. “Não há seguranças na maioria das estações e os funcionários não fazem nada para impedir com medo de retaliação”, comentou outro homem que entrou sem pagar, de 28 anos, que disse trabalhar como segurança.

Quando o VLT estiver circulando no Centro, o passageiro deverá validar o cartão de passagem, por conta própria, em leitores eletrônicos dentro do veículo. Guardas municipais poderão multar em R$ 170,00 passageiros abordados que não tiverem pagado. Os fiscais solicitarão o cartão do usuário e passarão em uma máquina de mão, que mostrará se o RioCard foi ou não validado. Por contrato, a prefeitura terá que ressarcir o consórcio do VLT pelos calotes, caso ultrapassem 10% do total de passageiros. No BRT, onde não há multa prevista, não há ressarcimento pela prefeitura.

Vândalos arrebentam as portas
De dez estações do Transcarioca percorridas pela reportagem, entre a Penha I e Vaz Lobo, sete estavam com as portas laterais abertas para o calote. O BRT diz que essa situação é provocada por vandalismo, já que muitos ‘caloteiros’ forçam as portas laterais, e que vem trabalhando em parceria com a polícia para combater a prática. Segundo o consórcio, o Código Penal determina prisão de 15 dias a dois meses para quem é pego viajando no transporte público sem pagar passagem, além de multa — o que não ocorre na prática. O consórcio informa que não há estatística oficial sobre os calotes.

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